O espetáculo mostra pessoas que gostariam de estar em outro lugar, mas vão caindo na armadilha de ficar onde estão
Foto: Nana Moraes
A vontade da companhia de montar esse texto vem desde 2009. Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar assinam a adaptação da obra, feita a partir de uma tradução original do russo por Pedro Augusto Pinto e de versões francesas. Embora não tenha um título oficial, a peça foi publicada em diversos países como Platonov em homenagem a um dos personagens, o professor Mikhail Platonov. Foi somente no final da década de 1990 que a obra ganhou traduções e montagens em diversos teatros da Europa.
Em 2017, os atores Cate Blanchett e Richard Roxburgh estrearam uma versão do texto na Em Sidney, na Austrália, com o título de The Present. Giovana conta que o processo de adaptação também contou com atualizações sobre dinâmicas e relações que não fariam tanto sentido de serem postas em cena nos dias de hoje. “Também reduzimos o número de personagens, fizemos cortes e reposicionamos cenas para que os assuntos centrais do texto não fossem perdidos, mas sim condensados”, explica Giovana.
Por ser uma obra sem título oficial, o grupo batizou a peça com uma pergunta chave que está inserida no texto: por que não vivemos como poderíamos ter vivido?. “Essa questão, que se abre para tantas outras, é um pouco a alma dessa peça”, diz Marcio. “Quando esse texto foi resgatado, não havia capa nem título. Como outras peças em que o personagem principal dá nome ao texto, como Ivanov, se deu esse nome Platonov”, conta Giovana Soar, que ressalta que o título escolhido pela companhia traduz o drama que permeia o espetáculo. “São pessoas que gostariam de estar em outro lugar, mas não fizeram nada para isso. Mostra como a trama da vida vai se desenrolando e as pessoas vão caindo na armadilha de ficar onde estão”.
Foto: Nana Moraes
O diretor complementa ainda que o título estabelece uma dinâmica política ao apontar simultaneamente para o passado que não foi vivido e para uma convocação a um futuro que pode ser construído. Para ele, a encenação busca propor reflexões sobre as singularidades dos sujeitos, a conexão coletiva e uma consciência sobre as diferenças. “Os corpos dos atores se reconheceram na estrutura de um texto escrito no final do século XIX e as dinâmicas estabelecidas nos ensaios fizeram com que ele se atualizasse, conferindo ainda mais força à dimensão política da peça”, conclui.
A peça trata de temas recorrentes na obra de Tchekhov, como o conflito entre gerações, as transformações sociais através das mudanças internas do indivíduo, as questões do homem comum e do pequeno que existem em cada um de nós, o legado para as gerações futuras – tudo isso na fronteira entre o drama e a comédia, com múltiplas linhas narrativas. “É o primeiro texto de Tchekhov, um texto muito jovem, mas muito revisitado em diversos países porque tem nele o que depois vem a ser o cerne do Tchekhov”, diz o diretor.
Foto: Nana Moraes
“A montagem tem um foco muito específico nas personagens femininas. São elas que causam transformação, que caminham, que querem e mudanças, contravenções e que enfrentam conceitos pré-estabelecidos na sociedade da época” , conta Giovana. A artista complementa que esses traços estavam no texto de Tchekhov, mas foram acentuados na adaptação. Para ela, o olhar do autor causava uma espécie de premonição para os movimentos futuros que se sucederam.
Por que não vivemos? estreou em julho deste ano no CCBB do Rio de Janeiro, fez temporada no CCBB Brasília no mês de setembro e no CCBB Belo Horizonte entre 18 de outubro e 18 de novembro de 2019. Em 2020, o espetáculo chega a São Paulo no Teatro Municipal Cacilda Becker, devido à reforma que está ocorrendo no teatro do CCBB São Paulo, em duas curtas temporadas que vão de fevereiro a abril, desta vez com patrocínio do Banco do Brasil e Eletrobras Furnas.
Ficha técnica:
Direção: Marcio Abreu
Assistência de Direção: Giovana Soar e Nadja Naira
Elenco: Camila Pitanga, Cris Larin, Edson Rocha, Josi.Anne, Kauê Persona, Rodrigo Bolzan, Rodrigo Ferrarini e Rodrigo de Odé
Adaptação: Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar
Tradução: Pedro Augusto Pinto e Giovana Soar
Direção de Produção: José Maria
Produção Executiva: Cássia Damasceno
Iluminação: Nadja Naira
Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino
Direção de movimento: Marcia Rubin
Cenografia: Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura
Figurinos: Paulo André e Gilma Oliveira
Direção de arte das projeções: Batman Zavareze
Edição das imagens das projeções: João Oliveira
Câmera: Marcio Zavareze
Técnico de som | projeções: Pedro Farias
Assistente de câmera: Ana Maria
Operador de Luz: Henrique Linhares e Ricardo Barbosa
Operador de vídeo: Marcio Gonçalves e Michelle Bezerra
Operador de som: Bruno Carneiro e Felipe Storino
Máscaras: José Rosa e Júnia Mello
Fotos: Nana Moraes
Programação Visual: Pablito Kucarz
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques | Canal Aberto Comunicação
Difusão Internacional: Carmen Mehnert | Plan B
Produção: Companhia Brasileira de Teatro
POR QUE NÃO VIVEMOS?
Temporada: De 20 de Maio a 12 de Junho
Horário: Sextas, às 20h | Sábados, às 19h | Domingos, às 18h
Local: R. Amador Bueno, 505 - Santo Amaro
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia) | R$ 12,00 (credencial plena) | Compre aqui
Duração: 150 min.
Classificação: 16 anos
Para ingressar nas unidades do Sesc no estado de São Paulo é necessário apresentar comprovante de vacinação contra Covid-19 (físico ou digital) e um documento com foto:
Maiores de 12 anos devem apresentar o comprovante contendo as duas doses ou dose única da vacina.
Crianças de 5 a 11 anos devem apresentar comprovante evidenciando uma dose (consulte o calendário e as orientações do município onde acontecerá a atividade).
Recomendamos o uso da máscara cobrindo boca e nariz.
Para atividades com ingresso, será necessário apresentar o QRCode na entrada da atividade.
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