Com direção de Marcelo Lazzaratto, espetáculo reúne as três peças da Trilogia Tebana de Sófocles
Foto: João Caldas Fº
Bastante conhecida por discutir questões do mundo contemporâneo a partir da encenação dos clássicos teatrais, a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico comemora suas duas décadas de existência com a estreia de Tebas. O espetáculo estreia no Sesc Bom Retiro.
Com direção e dramaturgia cênica de Marcelo Lazzaratto, o espetáculo reúne na mesma peça toda a Trilogia Tebana, de Sófocles, composta por “Édipo Rei”, “Édipo em Colono” e “Antígona”. Além do próprio diretor, o elenco conta com Carolina Fabri, Eduardo Okamoto, Marina Vieira, Pedro Haddad, Rita Gullo, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thaís Rossi.
“A dramaturgia entrelaça as três peças, mas mantém as palavras originais de Sófocles. O que eu fiz foi seguir o entrelaçamento dos três tempos num tempo só, por conta dessa percepção de que o mito é sempre presente, é sempre estável. Embora haja essa cronologia entre as peças, pensando miticamente tudo coexiste. Mas não se trata de um tempo cronológico, e sim eterno, constante, inexorável”, explica o encenador.
Foto: João Caldas Fº
Para isso, tudo gira em torno da figura de Édipo. Já envelhecido e cego em Colono, o subúrbio de Atenas, ele “vê” seu passado quando ainda era Édipo Rei e “enxerga” o futuro da sua família através dos acontecimentos que envolvem sua filha Antígona.
Assim, os três tempos vão se justapondo, sem uma relação necessária de causa e efeito. E o Coro, interpretado por um único ator, perpassa os tempos assim como Édipo, pois sabemos que ao fim e ao cabo somos todos nós, cidadãos comuns, que atravessamos as épocas e seus imaginários, geração seguida de geração, sempre sujeitos aos governantes e aos seus sistemas de governo.
Em “Édipo Rei”, Sófocles narra o destino trágico do protagonista, que assassina sem querer o próprio pai, Laio, e se casa com a mãe, Jocasta. Sentindo-se culpada pelo incesto, a rainha comete o suicídio, Édipo fura os próprios olhos e decide abandonar Tebas.
Foto: João Caldas Fº
A exaustiva perambulação do antigo rei depois do exílio de Tebas é narrada em “Édipo em Colono”. Como punição por seus atos, Édipo se torna um refugiado em terra estranha e caminha sem destino, conduzido por sua filha Antígona. Ele clama aos deuses pelo perdão e para encontrar um lugar para repousar.
Enquanto isso, Polinices e Etéocles, os filhos de Édipo, que não ligam para o destino do pai, estão em disputa por terra e poder, o que leva ambos à morte. Sem ter quem assuma o trono, Creonte, o tio deles, torna-se rei. Então, ele manda enterrarem Etéocles com todas as honrarias e proíbe que enterrem Polinices, deixando-o exposto à putrefação. A peça “Antígona” narra a luta da filha de Édipo para conquistar o direito de sepultar o corpo do irmão de acordo com os ritos funerários apropriados.
Ainda de acordo com Lazzaratto, a Trilogia Tebana discute temas atemporais e extremamente relevantes para a vida contemporânea, como patriarcado; tirania e democracia; território e exílio; masculino e feminino; guerra e paz; lei divina e lei humana; destino e livre arbítrio.
“Essas dualidades tão controversas são fundamentais. Parece-me que o tempo contemporâneo necessita que entremos em contato com esses grandes valores para que possamos nos entender como sociedade, contestar preceitos e nos reorganizarmos. O mito é estável, a sociedade é que muda. E, na minha opinião, no mundo tão fragmentado, caótico e desequilibrado em que vivemos hoje, ainda mais no Brasil, estabelecer diálogos com a estabilidade do mito pode favorecer um tipo específico de ação e de pensamento”, comenta.
Foto: João Caldas Fº
Há quase 30 anos o encenador desenvolve o sistema de atuação improvisacional chamado Campo de Visão, que dialoga muito bem com o clássico. “Somos um grupo de linguagem cênica e temos esse sistema de trabalho que se tornou nossa personalidade artística. Ele serve para qualquer formato e a gente sempre volta a estabelecer o diálogo entre Campo de Visão e os clássicos, porque uma coisa renova, recicla, reconsidera e reavalia a outra”, reflete Lazzaratto sobre sua metodologia também presente em Tebas.
Ficha Técnica:
Dramaturgia Cênica e Direção: Marcelo Lazzaratto
Assistência de Direção e Preparação Corporal: Dirceu de Carvalho
Atores da Cia.: Carolina Fabri, Marcelo Lazzaratto, Pedro Haddad, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thaís Rossi
Atores convidados: Eduardo Okamoto, Marina Vieira e Rita Gullo
Iluminação: Marcelo Lazzaratto
Cenário: Julio Dojcsar
Figurino: Silvana Marcondes
Música original: Dan Maia
Técnicos de Som: Anderson Moura e Gabriel Bessa
Técnico de Luz: Lui Seixas
Contrarregra: Tiago Moro
Costureira: Atelier Judite de Lima
Cenotécnico: Fernando Lemos (Zito)
Adereços: Marina Vieira
Maquiagem: Cia. Elevador de Teatro Panorâmico
Interpretação em Libras: Fabiano Campos
Audiodescrição: Bell Machado – Quesst Consultoria em Acessibilidade Cultural
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Fotografia: João Caldas
Projeto Gráfico: Alexandre Caetano / Oré Design Studio
Assistência de Produção: Larissa Garcia
Produção executiva: Marcelo Leão
Produção: Anayan Moretto
Realização: Cia. Elevador de Teatro Panorâmico
TEBAS
Temporada: De 19 de Maio a 25 de Junho*
Horário: Quinta a Sábado, às 20h**
Local: Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos
Ingressos: R$ 40,00 (Inteira) | R$ 20,00 (Meia) | R$ 12,00 (Credencial Plena) | Compre aqui
Classificação: 12 anos
*Dia 16 de Junho, será às 18h
**Tradução em Libras nos dias 03 e 04 de Junho | Audiodescrição nos dias 10 e 11 de Junho
COMPROVANTE DE VACINAÇÃO
Pessoas com mais de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, evidenciando DUAS doses ou dose única para ingressar em todas as unidades do Sesc no estado de São Paulo. Crianças de 5 a 11 anos devem apresentar o comprovante evidenciando UMA dose (conforme calendário do município). O comprovante pode ser físico (carteirinha de vacinação) ou digital e um documento com foto. Recomendamos o uso de máscara. O uso de máscaras permanece obrigatório nos espaços de atendimento odontológico, ambulatórios e locais de exames dermatológicos. O acesso às unidades do Sesc está sujeito a legislação municipal referente à COVID-19.
TRANSPORTE GRATUITO
O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito entre a Estação da Luz (Saída da CPTM, sentido Praça da Luz e José Paulino) para o Sesc Bom Retiro. Horários de Ida: Quinta, Sexta e Sábado, das 17h30 às 19h50. Domingo a partir das 13h às 15h50. Volta: Ao término do espetáculo até à estação Luz.
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