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"A Morte e a Donzela", de Ariel Dorfman, estreia no Espaço Parlapatões

Com direção de Laerte Melo, espetáculo seguirá em cartaz até Junho

Foto: Artur Kraimmer


Questionamentos sobre as consequências das ditaduras civil-militares na América Latina são levados à cena pela Laia do Teatro em "A Morte e a Donzela", do autor argentino-chileno Ariel Dorfman. O espetáculo, dirigido por Laerte Mello e estrelado por Aline Pimentel, André Barreiros e Victor Barreto, estreia no Espaço Parlapatões.


Escrita em 1990, durante o período de transição para a democracia, logo após o fim da ditadura de Augusto Pinochet, a peça de Dorfman já foi traduzida para mais de 40 idiomas e ganhou uma adaptação cinematográfica bem-sucedida do diretor Roman Polanski em 1994. O autor também é conhecido por denunciar os crimes cometidos nos regimes autoritários latino-americanos em outras obras, como no livro “O Longo Adeus a Pinochet”.


"A Morte e a Donzela" conta a história de um casal que sofreu na própria pele a repressão no Chile e ainda convive com os fantasmas da tortura, das perdas e do medo. Paulina Salas é uma ex-ativista que foi sequestrada e brutalmente torturada durante o regime militar. E Gerardo é um proeminente advogado e militante dos Direitos Humanos.


Por uma sequência de acasos, Paulina se depara com Roberto Miranda, o homem que ela acredita ser o mais cruel de seus torturadores, dormindo em sua sala de estar. As ações e reações violentas do casal levantam questionamentos profundos sobre a elasticidade dos limites éticos em situações extremas.


Foto: Artur Kraimmer


O texto ainda trata de questões como a preservação da memória e a reparação de crimes cometidos contra a humanidade e os efeitos provocados pelo regime opressivo para o tecido social. “O grito de Paulina é por respeito às famílias que tiveram parentes desaparecidos, é por uma punição exemplar que desencoraje postulantes a ditadores nos tempos atuais”, reflete o diretor Laerte Mello.


“Infelizmente, a peça dialoga profundamente com o Brasil de hoje. É possível ver a olhos nus nuvens totalitárias no horizonte do povo brasileiro. Basta deslizar o feed de notícias e ler sobre o desejo de parcela da sociedade em ver o retorno do AI-5, ou o fechamento do congresso e do STF, o esforço do Executivo e a celeridade do Legislativo na aprovação de leis que facilitem o acesso às armas, o anseio pela militarização do Estado, o desejo do chefe do executivo e seus apoiadores em celebrar o golpe de 64”, acrescenta.


A encenação se passa toda na casa de Paulina e Gerardo, sobretudo no quarto e na sala de estar, onde dorme o ex-torturador. Esses espaços são retratados de forma minimalista, com poucas peças imprescindíveis para a ação, como uma mesa de jantar para duas pessoas, um aparador e duas cadeiras. As paredes que dividem os ambientes são representadas com armações de madeira como se fossem molduras de quadros.


A trilha sonora conta com músicas do compositor austríaco Franz Schubert, sobretudo o quarteto de cordas nº 14 em ré menor, mais conhecido como “Death and the Maiden”, nome escolhido por Ariel Dorfman como o título original da peça.


Ficha Técnica

Texto: Ariel Dorfman

Tradução: Laia do Teatro

Direção: Laerte Mello

Assistente de direção: Fernanda Versolato

Elenco: Aline Pimentel, André Barreiros e Victor Barreto

Cenário e iluminação: Laerte Mello

Produção de som: David Bessler

Fotos: Artur Kraimmer

Assistente de produção: Mariana Guerrero e Gabriel Salvino

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Designer/projeto gráfico: Guilherme Cruz



A MORTE E A DONZELA

Temporada: De 21 de Maio a 26 de Junho

Horário: Sábados às 16h | Domingos às 19h

Local: Praça Franklin Roosevelt, 158 - Consolação

Ingressos: R$ 60,00 (inteira) | R$ 30,00 (meia) | Compre aqui

Classificação: 16 anos

Duração: 100 minutos

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