Evento internacional acontece de forma híbrida.
Foto: Paula Gonzalez Seguel
O Sesc SP realiza a Ocupação Mirada 2021, programação especialmente idealizada para o momento de retomada entre as edições do Mirada - Festival Ibero-americano de Artes Cênicas, evento bienal organizado pela instituição, tradicionalmente reunindo espetáculos da América Latina, Portugal e Espanha.
Este ano o formato será híbrido, com sessões presenciais e dezenas de atrações on-line, entre peças, mesas de conversas, ações formativas, processos de criação e mostras do acervo digital do Sesc SP.
Após cinco edições e dez anos de existência, o Mirada - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas não teve sua realização em 2020 devido à crise sanitária. “A Ocupação Mirada 2021 recorre a um formato híbrido entre presencial e on-line com ações que dão continuidade à trajetória do Festival, como parte de sua memória e de seus novos frutos, que conjugam experiências adquiridas tanto por criadores quanto por espectadores ao longo deste período”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo. “Perante esse cenário inevitável e imprevisível, aqueles que fazem da arte um poderoso meio de (re)criar laços com o mundo demonstraram habilidade em articular formatos e temáticas imprescindíveis para estabelecermos relações com aquilo que nos acontecia, suas consequências e, sobretudo, com as condições que nos levaram até aqui e os caminhos que avistam renovados horizontes”, complementa Danilo.
Serão onze espetáculos, entre estreias e obras inéditas no Brasil, além da participação de produções de Portugal, Chile, México e Peru. Estão na programação ainda ações formativas com representantes desses países e também da Bolívia, Equador e Colômbia.
Foto: Divulgação
Uma seleção de dez espetáculos do acervo do #EmCasaComSesc, reunindo produções exibidas durante a pandemia nas redes e plataformas do Sesc, integram a Ocupação Mirada 2021. Entre eles estão Desconscerto, com Matheus Nachtergaele; Cérebro Coração, com Mariana Lima, e Mãe Coragem, de Bete Coelho.
Outras duas obras, Travessias e Reconciliação, a primeira da companhia brasileira de teatro e a segunda com direção de Alexandre Dal Farra e Patrícia Portella, marcam presença por seu caráter processual e de continuidade da construção dos trabalhos Sem Palavras e Trauma, respectivamente, duas das estreias na Ocupação.
Fortalecendo uma das características que mais representam o Mirada - um ponto de encontro entre artistas de diversas origens e territórios -, importantes nomes da cena ibero-americana vão compartilhar com o público, durante a Ocupação, os processos de criação que darão origem aos seus próximos trabalhos. Isto ocorrerá em diferentes formatos - de ensaios abertos a laboratórios de criação, passando por conversas e produções conjuntas.
Durante o evento, no dia 26 de novembro, haverá o lançamento da TePi - plataforma que reúne a produção teatral baseada no Festival Teatro e os Povos Indígenas, Encontros de Resistência, liderada pela diretora artística Andreia Duarte, em parceria e co-curadoria com o ambientalista e filósofo Ailton Krenak. O conteúdo se desdobrará em outras ações, como peças e mesa de debate.
A Ocupação também organizou o Miradas Digitais que é uma ação com artistas convidados, que construirão narrativas para diferentes coleções de obras do Sesc Digital, das lives #EmCasaComSesc, entre outros. A ideia é envolver o público em uma viagem pelo tempo por meio da navegação nessas histórias contadas de formas inusitadas.
Ao todo, os 23 espetáculos, entre 11 com horários de estreia determinados e outros 12 disponíveis on demand durante todo o período da programação, dois deles apresentados a partir da cidade de Santos (SP), com presença de público. A programação completa poderá ser acessada aqui.
Espetáculos presenciais
Foto: Nana Moraes
O primeiro deles, Sem Palavras, autoria de Marcio Abreu, com a companhia brasileira de teatro, abre a Ocupação Mirada com sessões nos dias 24 e 25 de novembro, no teatro do Sesc Santos. É a estreia do espetáculo em território brasileiro, depois de passar por festivais internacionais na França e Alemanha.
Já a outra montagem, Sueño, livre adaptação de “Sonho de uma Noite de Verão”, de Shakespeare, de Newton Moreno, será encenada no Centro Esportivo e Recreativo Rebouças, nos dias 26 e 27 de novembro, em um espaço ao ar livre preparado especialmente para receber a peça, no contexto latino-americano.
Espetáculos on-line
Foto: Divulgação
Chega de Saudade!, d’Aquela Cia (RJ) faz sua estreia mundial. O texto conta a história da Bossa Nova na visão do coletivo carioca e vem sendo construído pelos próprios atores em um elenco formado só por artistas negros. A apresentação será gravada e transmitida pelas redes e se junta a obras premiadas do repertório do grupo que estiveram em edições do Mirada - Caranguejo Overdrive e Guanabara Canibal.
A Ocupação Mirada 2021 reforça o seu alcance para outros países. O espetáculo Aurora Negra, de Portugal, reúne três autoras mulheres para tratar do lugar e da presença do corpo negro na cena artística europeia. Cleo Tavares (Cabo Verde), Isabel Zuaa (Portugal, de origem de Angola e Guiné-Bissau) e Nádia Yracema (Angola) participam também da mesa “Corpo Político e Presencialidades”, dia 27 de novembro, on-line, e que conta ainda com a dramaturga peruana Diana Daf Collazos.
Trauma, de Alexandre Dal Farra (Brasil) e Patrícia Portela (Portugal) é um ensaio literário e dramatúrgico, com a justaposição de imagens das últimas décadas no Brasil e em Portugal. Essa obra coproduzida pelo FITEI - Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (Portugal) foi transformada e adaptada para o formato audiovisual a partir do projeto original chamado Reconciliação.
Foto: João Caldas
Voltado para toda a família, será exibido O Monstro da Porta da Frente, d’A Digna Coletivo Teatral. Com direção de Kiko Marques, o espetáculo faz uma discussão lúdica sobre a memória, a partir da história de Laurinha e seu amigo Lanterninha que resolvem criar um filme para evitar a destruição do bairro.
Duas obras ligadas ao fazer teatral dos povos originários e que estabelecem relação com o lançamento da plataforma TePi estão na programação: Ino Moxo, do Grupo Íntegro, do Peru - que trata de uma aventura pela Amazônia em busca de um lendário shaman da ayahuasca - e Trewa, do KIMVN Teatro, teatro documental das raízes do povo Mapuche do Chile. A diretora deste espetáculo, Paula González Seguel, participa de uma das mesas que integram a programação, “Teatralidades e Povos Indígenas”.
Também do Peru vem Preludio - Ficciones del Silencio, concebido pela atriz e diretora peruana Diana Daf Collazos. A obra entrelaça realidade e ficção para tratar das memórias coletivas, lembranças pessoais e políticas, e de silêncio e luto. Já La segunda vida de un Dragón, do chileno Guillermo Calderón, faz uma irônica reflexão sobre arte (e sobre fracasso), trazendo à cena uma crítica a artistas, instituições, mercado e sociedade.
Por fim, a obra La Casa de tu Alma, do México, com direção de Conchi León para a Saas’Tun Teatro, propõe que os atores partam de suas próprias experiências, misturadas a lendas de cemitérios famosos pelo mundo, para criar uma trama sentimental sobre o ritual de despedida dos mortos.
Mais espetáculos
Foto: Eugenia Paz
O público terá a chance de (re)ver dez espetáculos apresentados nas lives do #EmCasaComSesc, reunindo produções exibidas durante a pandemia.
São eles: Felipe Rocha, em Ele precisa começar; Matheus Nachtergaele, em Desconscerto; Hilton Cobra, em Traga-me a cabeça de Lima Barreto!; Grace Passô, em Frequência 20.20; Mariana Lima, em Cérebro Coração; Bete Coelho, em Mãe Coragem; Sara Antunes, em Dora; Cláudia Missura e Tata Fernandes, em O Menino Teresa; Cristina Moura, em MASCARADO - Ägô Pra Falar, Ägô Pra Dançar, Ägô Pra Existir; e Fragmento Urbano, em Espaço Seguro para Ficar em Risco.
Refletir sobre a linguagem
Além dos espetáculos, a Ocupação Mirada 2021 reserva boa parte da programação para a reflexão sobre a produção cênica atual e alguns apontamentos para onde elas seguirão.
Foto: Divulgação
Para isso, estão no calendário quatro mesas de conversas on-line, com transmissão nas redes do Sesc SP. São elas: “Desafios e Perspectivas da Ação Cultural”, com Danilo Miranda, Carmen Romero (Chile), Otávio Arbelaez (Colômbia) e Gonçalo Amorim (Portugal); “Percursos Criativos”, com Alexandre Dal Farra, Marcio Abreu (Brasil), Guillermo Calderón (Chile) e Patrícia Portela (Portugal); “Teatralidades e Povos Indígenas”, com Ailton Krenak, Paula González Seguel (Chile) e Andreia Duarte; e “Corpo Político e Presencialidades”, com Diana Daf Collazos (Peru), Cleo Tavares (Cabo Verde), Isabel Zuaa (Portugal), Nádia Yracema (Angola).
Nos atuais tempos pandêmicos, a produção artística tem incessantemente buscado se reinventar. Além das ferramentas tecnológicas - que proporcionaram não só a transmissão como o encontro entre pessoas territorialmente distantes - os artistas estão usando novas maneiras de refletir sobre este momento, criando novas linguagens e maneiras de se conectar com o público.
Para aprofundar-se nesta questão, alguns autores vão compartilhar com o público processos de criação de obras que estão sendo gestadas. Caso de Antonio Araújo, que abre os encontros reflexivos comentando a criação do seu próximo trabalho. O Teatro da Vertigem propõe investigar criticamente o ambiente do agronegócio brasileiro, especialmente aquele das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte de Rondônia, suas manifestações culturais e seus costumes.
A ColetivA Ocupação faz um ensaio aberto de seu próximo espetáculo Erupção, transmitido pela internet (mediante inscrição). Trata-se de uma ficção científica, que transita entre tempos, misturando expressões artísticas para discutir catástrofes.
E o Coletivo 302, da Baixada Santista, dedicado à pesquisa histórica e geográfica de Cubatão (SP), vai mostrar ao público como desenvolve seu próximo trabalho - Vila Fabril - que trata criticamente sobre questões ambientais, econômicas e sociais da região. A atividade vai ser transmitida on-line (com inscrições prévias).
Foto: Kirk Noesdeaki
O “Telas Abertas da América Latina” contará com representantes de grupos de teatro para questionar a construção eurocentrista na criação de monumentos (reais e simbólicos) e propor novas formas de se contar histórias. Haverá transmissão ao vivo, pelo YouTube, com a participação do Clowns de Shakespeare (RN/Brasil), teatro del Embuste (Colômbia), Grupo Cultural Yuyachkani (Peru), Malayerba (Equador) e Teatro de los Andes (Bolívia).
Os coletivos lideram também o laboratório on-line “Demolição e Criação de Monumentos” - com inscrição prévia realizada pelos interessados - que resultará no encontro "Monumentos Futuros”, sobre o processo realizado nos dias anteriores.
Caminhos
Na mostra “Mirada Digitais”, artistas de diferentes origens e áreas de atuação (e especialidades) comentam cada um uma coletânea especial, a partir de séries e documentários originais do Sesc Digital. Os artistas que prepararam a playlist são: os dramaturgos André Guerreiro Lopes, Dione Carlos e Jé Oliveira; os grupos Magiluth e Nós do Morro; as atrizes Renata Carvalho e Priscila Obaci; a escritora Paula Autran; a diretora Onisajé; e os jornalistas Wellington Andrade e Dib Carneiro.
OCUPAÇÃO MIRADA 2021
Quando: De 24 a 28 de novembro de 2021
Mais informações clique aqui
SESC SANTOS
R. Conselheiro Ribas, 136 - Aparecida, Santos - SP, 11040-900
Terça a Sexta, 8h às 21h | Sábados, Domingos e Feriados, 10h às 16h.
Agendamento prévio aqui.
Para ingressar nas unidades do Sesc SP, a partir de 12 anos, é necessário apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, físico ou digital.
Venda de ingressos (On-line e na bilheteria do Sesc Santos)
Ingressos para espetáculos presenciais: R$ 40 (inteira) | R$ 20 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante)
Limite de 4 ingressos por pessoa
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