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Ronaldo Serruya estreia o espetáculo "A Doença do Outro" no Centro Cultural São Paulo

Texto foi vencedor do 7º edital da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos

Foto: Divulgação


Em "A Doença do Outro", Ronaldo Serruya propõe o formato de uma palestra-performance, mas de uma forma mais interativa, onde o público não fique apenas recebendo toda a informação. O espetáculo que, ao mesmo tempo toma o rigor teórico e documental do formato palestra, joga com a teatralidade através do videografismo, permeando toda a encenação com projeções em vários locais, inclusive no figurino.

Ronaldo Serruya recebeu o diagnóstico positivo para HIV em 2014. Depois de um período de elaboração e relacionamento com a revelação, encontrou nos discursos artísticos uma maneira de debater, criticar e confrontar toda a construção dos estigmas em torno da doença.

“Para a maioria o corpo portador do HIV é um corpo perigoso, recusado, fracassado e sigiloso. Escrever a peça era um sonho antigo, agora materializado como forma de recusar o silêncio e a culpabilização”, explica Serruya. Para ele, nesses 40 anos de HIV no mundo os avanços científicos foram enormes, mas o preconceito e a “sorofobia” fazem do HIV uma doença social.

Arte x HIV

Fotos: Divulgação


Atravessamento pessoal, "A Doença do Outro", é um processo autoral, já que Ronaldo Serruya é o autor e ator do monólogo. Para não deixar um contaminar o outro, Serruya convidou Fabiano Dadado de Freitas para assumir a direção trazendo novas possibilidades para a encenação.

Os dois que já se conhecem a muito tempo ainda não tinham trabalhado juntos em um espetáculo teatral, mas criaram o projeto Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/ AIDS, que analisa a história social da doença e reflete sobre os estigmas que rondam corpos positivos através da fricção entre Arte x HIV.

Como diretor, Dadado traz para a encenação um tom de convocação reconhecendo as questões trazidas pelo texto. “Apostamos no formato de palestra-performance, mas em uma construção conjunta com a plateia”, adianta. Ele ainda conta que a opção pelo uso de várias projeções ajudará nesse contato mais direto com o público. “Ao longo do espetáculo a performance invade a palestra.”

Além do videografismo proposto na cenografia, o espetáculo conta com figurino criado por Luiza Fardin (vencedora dos prêmios Cesgranrio, Shell e APTR 2016 na categoria melhor figurino pelo espetáculo Se eu fosse Iracema). O figurino em tons claros apresenta uma concepção descontruída e assimétrica e servirá também como plataforma de projeção.

Desfilmar o imaginário

Fotos: Divulgação


Integrante do Grupo XIX de Teatro e do Teatro Kunyn, grupo de teatro com montagens sobre o universo gay, Ronaldo Serruya escreveu em 2017 Desmesura, encenada pelo Kunyn. “Protegido pela ficção escrevi o texto já com muitas referências ao HIV, pois busquei inspiração na vida do dramaturgo argentino Raul Taborda Damonte, o Copi, que morreu em decorrência de complicações oriundas da doença, ainda na década de 80. Já com "A Doença do Outro", o objetivo é ‘desfilmar’ todo o imaginário de estigmatização e preconceito que, principalmente o cinema trouxe sobre um corpo portador de HIV”, conta o autor e ator.

Para ele, a estreia de "A Doença do Outro" não é um ato heróico ou de coragem, mas uma contribuição singela para o reconhecimento e uma digna reverência ao corpo positivo.

Ator e dramaturgo de um dos mais importantes grupos de teatro do país, o Grupo XIX de Teatro (SP), premiado no Brasil e no exterior. Em 2009 fundou o Teatro Kunyn, coletivo que pesquisa a questão queer nas artes cênicas. Pelo texto Desmesura ganhou o Prêmio Suzy Capó no 25º Festival MIX da Diversidade. Desenvolve também o projeto Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/ AIDS, projeto que analisa uma história social da doença e reflete sobre os estigmas que rondam corpos positivos através da fricção entre Arte x HIV. Seu texto A Doença do Outro, ganhador do 7º Edital de Dramaturgia em pequenos formatos do CCSP (SP), é um monólogo sobre sua experiência vivendo com HIV.

Diretor, dramaturgo e ator. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ, pesquisa performance, política e sexualidade. Dirige o Teatro de Extremos: Balé Ralé, de Marcelino Freire (2017) – prêmio Questão de Crítica e O Homossexual ou a dificuldade de se expressar, de Copi (2015), que recebeu 13 indicações aos prêmios Shell, Cesgranrio, APTR e Questão de Crítica. Em 2019 dirigiu 3 maneiras de tocar no assunto, peça que recebeu 17 indicações aos prêmios Shell, Cesgranrio e APTR. Durante o período pandêmico colabora com o projeto Museu dos Meninos onde dirigiu e roteirizou a performance Arqueologias do Futuro e as peças sonoras Sem título para uma radiocoreografia, no Festival Panorama. Idealizou e ministrou seis turmas do curso Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV-AIDS junto com Ronaldo Serruya. Orientou cinco podcasts no festival Breves Cenas de Manaus em que também colaborou como diretor artístico. Em 2021 retomou a pesquisa das radiodramaturgias ministrando a oficina Radiodrama: um teatro para os ouvidos pelo SESC SP e dirigindo as séries A Mulher do início do Mundo e O Viaduto para a série Ficções do Itaú Cultural.

Ficha Técnica:

Idealização, Texto e Atuação – Ronaldo Serruya

Direção – Fabiano Dadado de Freitas

Videoarte e Cenografia – Evee Avila e Mauricio Bispo

Edição e Filmagem – Caio Casagrande

Figurino – Luiza Fardin

Iluminação – Dimitri Luppi Slavov

Trilha Sonora Original – Camilla Couto

Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta

Designer Gráfico – Rafael Fortes

Fotos e Assessoria de mídias sociais – Jonatas Marques

Produção – Cristiani Zonzini.


A DOENÇA DO OUTRO

Temporada: De 30 de Novembro a 05 de Dezembro

Horário: Terça a Sábado, às 21h | Domingo, às 20h

Local: Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso

Ingressos: R$ 30,00 (inteira) | R$ 15,00 (meia) | Compre aqui



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