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Sesc estreia “Henrique IV”, adaptado e dirigido por Gabriel Villela, que comemora seu 50º espetáculo

Chico Carvalho interpreta o personagem título da obra do ganhador do Nobel de Literatura.

Foto João Caldas


O encenador Gabriel Villela apresenta “Henrique IV”, obra adaptada de texto de Luigi Pirandello, para comemorar a sua 50ª direção teatral. O espetáculo estreia no Teatro Antunes Filho, no Sesc Vila Mariana, e narra a história de um nobre que acredita (ou finge acreditar) ser um imperador de oito séculos antes, depois de sofrer um acidente.


Chico Carvalho interpreta Henrique IV, Rosana Stavis é a Marquesa Matilde da Toscana, seu amor não mais correspondido, Hélio Cícero, o Doutor Genoni, que tenta trazer Henrique IV de volta à sanidade e André Hendges, o Barão Tito Belcredi, amante da Marquesa. Acompanhando Chico Carvalho em cena, seus dois camareiros-cantores Artur Volpi, o Oração, e Breno Manfredini, o Sonho. Todo o elenco compõe o quadro de espelhamento disforme do protagonista, que toma distância da própria existência e vê a si mesmo ridicularizado pelo olhar dos outros.


A peça, em três atos sem intervalo, tem cenário de J.C. Serroni. Para essa nova parceria com Villela, o cenógrafo escolheu ressaltar os aspectos circenses e homenagear o encenador mineiro, com direito a picadeiro e arena. “E Gabriel Villela joga a encenação num circo teatro, não de cores vivas como de costume, já que ali habitam os fantasmas que rondam a cabeça do nosso Henrique, o que me traz um caminho claro para a encenação: um circo em desconstrução de uma trupe itinerante com sua carroça encenando por castelos medievais”, conta Serroni.


Foto João Caldas


Mestre na crítica ao mundo, às suas aparências e convenções, Pirandello monta em Henrique IV um cômico e revelador jogo de espelhos. Um jovem fantasiado de Henrique IV perde a razão a caminho de uma festa de Carnaval, passando a acreditar que é de fato o imperador. Nesta versão dirigida por Villela, a estória é contada por uma companhia de circo mambembe (e fictícia) italiana chamada “Francisco Eugydio do Calvário", que apresenta o drama de circo-teatro "Enrico IV" ao público.


Além disso, fazem parte da montagem várias menções contemporâneas — as canções cantadas ao vivo pelos atores, figurino e maquiagem fellinianos, numa lembrança feita ao cinema, entre outras. A escolha das músicas levou em consideração alguns fatores como o diálogo das letras com o texto e com a ação da peça, e são cantadas em italiano e em inglês (os dois idiomas que referenciam o texto em cena). No repertório estão "The Logical Song", do Supertramp, "Bang Bang (My Baby Shot Me Down)", da Nancy Sinatra, "Canzone Arrabbiata", do Nino Rota, "I Started a Joke", dos Bee Gees, e “Lascia Ch'io Pianga”, de Georg F. Händel.


Na trama, depois de descobrir que Matilde, a mulher que ele ama, tem um caso com seu melhor amigo Belcredi, o protagonista cai de um cavalo e sofre um acidente, supostamente provocado pelo próprio Belcredi. Como bate a cabeça numa pedra, ele perde os sentidos da realidade, enlouquece e, estando a caminho de uma festa a fantasia, o nobre passa a acreditar que é o próprio imperador Henrique IV. Vendo-se incapaz de curá-lo e com pena de seu estado, a irmã constrói uma réplica da corte para que seu irmão possa viver nela, contratando atores para se fazerem passar por cortesãos.


Foto João Caldas


Passado algum tempo, o nobre recupera a memória, mas continua a se fazer passar por louco ao perceber que não tem uma vida de verdade para a qual possa voltar. Sua farsa é descoberta no dia em que Matilde e Belcredi chegam à falsa corte para tentar curá-lo. Segue-se uma discussão violenta entre os três, durante a qual Henrique IV fere Belcredi mortalmente e se vê obrigado a refugiar-se de novo na loucura para escapar às consequências desse crime.


Como em quase toda a sua obra, Pirandello trabalha a tensão entre realidade e fantasia, deixando implícita a impossibilidade do estabelecimento de uma verdade absoluta. No fundo, sustenta que as coisas não são o que parecem ser, também reafirmando sua convicção de que a arte é muito mais real do que a vida, posto que eternizada em uma forma enquanto o homem em si é perecível.


Ficha Técnica

Henrique IV“

Autor: Luigi Pirandello

Tradução: Claudio Fontana

Direção, adaptação e figurinos: Gabriel Villela

Elenco: Chico Carvalho, Rosana Stavis, Hélio Cícero, André Hendges, Regina França, Rogerio Romera, Jonatan Harold, Breno Manfredini e Artur Volpi.

Cenografia: J C Serroni

Iluminação: Caetano Vilela

Diretores Assistente: Ivan Andrade e Douglas Novais

Direção Musical, canto e arranjos vocais e instrumentais: Babaya Morais e Jonatan Harold

Assistente de Figurinos: José Rosa

Adereços de arte: Jair Soares Jr

Costureira: Zilda Peres

Maquiagem: Claudinei Hidalgo

Fotografia: João Caldas Fº

Assistência de Fotografia: Andréia Machado

Diretor de Palco: Tinho Viana

Operador de lua: PH Moreira

Camareiras: Ana Lucia Laurino e Maria Helena Arruda

Produção Executiva: Augusto Vieira

Direção de Produção: Claudio Fontana

Apoio: Só Dança


HENRIQUE IV

Temporada: De 28 de Abril a 05 de Junho*

Horário: Quinta a Sábado, às 21h | Domingos e Feriados, às 18h

Local: Rua Pelotas, 141, Vila Mariana

Ingressos: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (credencial plena e meia) | Compre aqui

Classificação: 14 anos


*Sessão de 01/06, às 15h

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