Com direção de Wallyson Mota, peça é uma parábola distópica sobre o avanço do medo e do fascismo em uma sociedade
Foto: Halei Rembrandt
A montagem dirigida por Wallyson Mota para o premiado texto Foxfinder – A Caça, da autora inglesa Dawn King, ganha nova temporada no Teatro Aliança Francesa. O espetáculo, traduzido pela atriz Carolina Fabri dialoga com a ascensão do fascismo e do conservadorismo em todo mundo.
Encenado pela primeira vez em 2011, o texto “Foxfinder” foi responsável por revelar o trabalho de Dawn King para o teatro britânico e venceu a competição da Companhia de Teatro Papatango para novas dramaturgias (2011); o prêmio de dramaturgia da Royal National Theatre Foundation (2013); o prêmio de melhor autora no Off West End (2012). Graças a seu sucesso de crítica, a peça também já foi montada na Austrália, na Suécia e nos Estados Unidos.
A obra é uma parábola distópica sobre o lugar do medo na dominação de um povo e os caminhos para instalação do fascismo em uma sociedade em decadência. A trama se passa em uma fazenda inglesa ameaçada pela crise da produção de alimentos que recebe a visita do inspetor William Bloor, um agente do Estado responsável por fiscalizar as propriedades agrícolas.
Foto: Halei Rembrandt
O casal Samuel e Jude Covey está preocupado com a morte recente de seu filho e com a falta de colheitas em sua propriedade. E o oficial está à procura de raposas, que seriam, para o Estado, responsáveis por ameaçar a civilização, contaminar as plantações, prejudicar a produção de alimentos, influenciar o clima, abalar a mente das pessoas e matar crianças – mesmo não tendo sido vistas nos campos há anos.
O clima de crise e a pressão irracional do inspetor para encontrar o animal na propriedade faz com que o casal de agricultores e seus vizinhos se traiam mutuamente, regidos pelo medo e desespero.
A raposa simboliza a busca irracional de bodes expiatórios para explicar os males que assombram um país – tal como o fantasma comunista em nossa sociedade e o medo desmedido que as pessoas têm de perderem seus bens ou terem que dividir suas casas com outras famílias, caso um político de esquerda chegue ao poder. O espetáculo é um ataque a essas certezas fundamentalistas que envenenam as sociedades, incentivam a violência e passam por cima dos princípios de tolerância/respeito ao pensamento divergente e aos outros modos de ser e existir.
Foto: Halei Rembrandt
“Quando tomamos contato com a obra, levamos um choque. Era (e ainda é) impressionante para nós que aquele espetáculo realizado num outro país, numa região de grandes produções inglesas, estivesse falando diretamente das questões essenciais vividas no Brasil de agora. O avanço da extrema-direita deflagrado recentemente por aqui obedece exatamente à mesma narrativa: a de um grande inimigo da nação, responsável por todos os nossos males, que tem de ser eliminado, e para tal o Estado deve se apoiar numa mistura muito peculiar de fundamentalismo religioso e desenvolvimento bélico”, compara o diretor Wallyson Mota.
Ficha Técnica
Texto: Dawn King
Tradução: Carolina Fabri
Direção: Wallyson Mota
Elenco: Carolina Fabri, Eduardo Mossri, Carol Vidotti e Ernani Sanchez
Videografismo e Cenografia: BijaRi
Figurinos: Marichilene Artisevskis
Iluminação: Matheus Brant
Sonorização e Técnico de som: Pedro Semeghini
Técnico de Luz: Guilherme Soares
Operação de Vídeo: Taiguara Chagas
Fotos e Vídeos: Halei Rembrandt
Projeto Gráfico: Alexandre Caetano e Júlia Gonçalves (Oré Design Studio)
Estágio em Cenografia e Adereço: Cinthya Vaz Giorgi
Produção executiva: Rick Nagash
Produção: Anayan Moretto
Idealização e Realização: Carolina Fabri e Wallyson Mota
Interpretação em Libras: Fabiano Campos
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
FOXFINDER - A CAÇA
Temporada: De 18 a 27 de Julho
Horário: De Segunda a Quarta, às 20h
Local: Rua General Jardim, 182, Vila Buarque
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) | R$ 15,00 (meia) | Compre aqui
Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos
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