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Musical ‘Bertoleza’ faz temporada presencial e online no Teatro Arthur Azevedo em novembro

  • Foto do escritor: Tadeu Ramos
    Tadeu Ramos
  • 11 de nov. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 5 de jun. de 2022

Adaptação inverte o protagonismo na obra ‘O Cortiço’, Aluísio Azevedo.

Após uma temporada de sucesso no Sesc Belenzinho, o musical "Bertoleza", da Gargarejo Cia Teatral, faz três apresentações presenciais no Teatro Arthur Azevedo em novembro, celebrando o Mês da Consciência Negra.


Para garantir a segurança da equipe e dos espectadores, o teatro vai seguir as orientações das autoridades sanitárias. Por isso, a capacidade de público foi reduzida para 50 pessoas. Além disso, o uso de máscara é obrigatório durante todo o período de permanência no espaço. 


Os ingressos são gratuitos e para reserva-los é preciso preencher um formulário disponível sempre nas segundas-feiras anteriores às apresentações nas redes sociais do grupo .


A montagem, com adaptação, direção e músicas de Anderson Claudir, que também assina a dramaturgia ao lado de Le Tícia Conde, é inspirada no livro “O Cortiço”, clássico naturalista de Aluísio Azevedo. Mas, desta vez, o público conhece a história sob ponto de vista da Bertoleza, uma mulher negra que é tão importante para a construção do romance quanto o próprio João Romão, o protagonista original. 


Na trama, o oportunista Romão propõe uma sociedade à escrava Bertoleza, prometendo comprar a alforria dela. Eles começam uma nova vida juntos e constroem um pequeno patrimônio formado por um enorme cortiço, um armazém e uma pedreira. 


Depois de acumular capital considerável, o ambicioso João Romão já não sabe mais como se tornar mais rico e poderoso. Envenenado pelo invejoso Botelho, ele decide se casar com Zulmira, a filha de Miranda, um negociante português recentemente agraciado com o título de barão. Mas, para isso, precisa se livrar da amante Bertoleza, que trabalha de sol a sol para lutar pelo patrimônio que eles construíram juntos.


Para a companhia, o grande desafio foi fazer com que uma narrativa do século 19 questionasse e problematizasse as relações criadas nos dias de hoje. Por isso, o projeto iniciado em 2015 foi ganhando novos contornos. “Quisemos investigar uma identidade brasileira que vem da diáspora africana e pensar em como isso nos afeta artisticamente. Assim, podemos criar novos signos para essa geração e dar uma voz para essa terra periférica”, conta Claudir 


No processo, o coletivo procurou a força da figura de Bertoleza em outras mulheres negras brasileiras negligenciadas pela História. Durante a encenação, o elenco relembra as histórias dessas mulheres, como a vereadora Marielle Franco, militante da luta negra assassinada em março de 2018; a escritora Carolina Maria de Jesus, famosa pelo livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada; a jornalista e professora Antonieta de Barros, defensora da emancipação feminina que foi apagada dos livros de História; a escritora Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista brasileira; e a guerreira Dandara, que viveu e lutou no período colonial.


A protagonista do espetáculo é interpretada pela atriz Lu Campos. O elenco fica completo com Anderson Claudir (Botelho), Taciana Bastos (Zulmira), Bruno Silvério (João Romão) e com os integrantes do coro Ananza Macedo, Cainã Naira, Palomaris, David Santoza, Edson Teles, Gabriel Gameiro e Matheus França. A direção musical é assinada por Eric Jorge; a dramaturgia por Le Tícia Conde e Anderson Claudir; e a direção de movimento, por Emílio Rogê


Foto: Marcelo Martin


Relação profunda entre vida e obra


 Para Lu Campos, interpretar Bertoleza tem um significado ainda mais profundo. No processo desde 2015, ela conta que vivenciou um chamado ancestral em 2017: suas antepassadas maternas deram-lhe a missão de quebrar o ciclo de opressão vivenciado por sua família desde os tempos de escravidão. “Espero que as mulheres pretas se sintam bem representadas na peça e a partir disso, busquem seus lugares de protagonismo nos variados âmbitos da vida”, conta. 


Para a atriz, estar nesse processo contribui para a sua expansão de consciência. Em busca de mais respostas sobre sua ancestralidade, ela também cursou a pós-graduação em Matriz Africana pela FACIBRA/Casa de Cultura Fazenda Roseira. “As pessoas precisam perceber quão rica e diversificada é a matriz africana, por isso ela deve ser resgatada e valorizada. Afinal, a África é o ventre do mundo”, emociona-se.


Sobre a Gargarejo Cia Teatral


Formada por uma equipe focada na perspectiva étnico-racial para aquilombar e empretecer saberes, a Gargarejo Cia Teatral conta com artistas de diversas áreas, como artes plásticas, dramaturgia, artes cênicas, direção, cenografia, musicalidade e produção. A companhia teve início em 2014, em Campinas, em parceria com renomadas instituições da região, como a Universidade de Campinas (UNICAMP), o Conservatório Carlos Gomes, a Estação Cultura de Campinas, as Prefeituras de Campinas, Sumaré e Vinhedo e o Lar dos Velhinhos de Campinas.


O coletivo está interessado em produzir arte popular, focado em uma perspectiva étnico-racial e refletindo sobre colonização versus identidade. Articulando a vivência periférica na cena como protagonista. Em 2015, iniciou uma pesquisa sobre O Cortiço, que resultou na microcena Bertoleza - uma pequena tragédia: ponto de partida para o processo de investigação que, em 2019, completa quatro anos. Em 2017, o grupo se estabelece na cidade de São Paulo e, durante esse período, realiza diversas experimentações cênicas e musicais, propõe leituras, debates, rodas de conversa e apresentações das canções.



BERTOLEZA


Temporada: dias 13, 20 e 17 de novembro,

Horário: Sextas, às 21h

Transmissão online: pelo Facebook e Instagram

Ingressos: Gratuito*

*Para assistir presencialmente: Faça a reserva por meio de um formulário disponível todas às segundas anteriores às apresentações nas redes sociais do grupo no Facebook e Instagram

Duração: 90 minutos

Classificação: 12 anos

Capacidade: 50 lugares

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