Participam desta edição grupos e artistas do Brasil, Peru, México, Argentina, Cuba, Paraguai, Equador, Espanha, Moçambique e Colômbia.
Foto: Roberto López
Neste ano, o tema do E(s/x)tirpe será Ode aos Profanos, uma espécie de rito para celebrar a resistência de milhares de pessoas que, em seus contextos, defendem suas crenças de igualdade, pluralidade e liberdade. Esta edição do festival conta com apoio da Lei Aldir Blanc através do edital Proac Expresso Lab
Comungar, partilhar e se unir nas ancestralidades: esses são alguns dos pilares de E(s/x)tirpe - Encontro Para Celebração e Rito, um festejo teatral, popular e ritualístico na forma de um festival bienal criado pelo grupo de teatro Contadores de Mentira, que há 25 anos cria e desenvolve arte. O evento, que está na 4ª edição, começou em 2014 e não foi realizado em 2020 devido à pandemia do coronavírus. Toda a programação será gratuita e exibida no canal do Youtube Contadores de Mentira, com algumas ações previstas também no Instagram
"É um encontro que se apresenta como um festival, mas que em seu desenrolar se mostra um grande e único ato performático de poesia e explosão", contam Daniele Santana e K-iqui Calisto, integrantes do grupo Contadores de Mentira. Segundo eles, o alinhamento do festival se dá por uma dramaturgia cuja base é a memória, ruptura e assentamento de resistência cultural. "É um rito onde se reúnem apresentações que possuem identidade nas margens onde são produzidos. Grupos que criam contágios em seus territórios", definem. A ideia é convidar artistas que dialogam, em suas obras, com a antropologia teatral - um ato provocativo no contexto político e social que enfrentamos.
A cada realização, o festival se torna mais latente e maior, com participação de artistas e coletivos de diversas cidades do Estado e do país, além de participações internacionais. Neste ano, o tema do E(s/x)tirpe será Ode aos Profanos, uma espécie de rito para celebrar a resistência de milhares de pessoas que, em seus contextos, defendem suas crenças de igualdade, pluralidade e liberdade. "O grupo quer dançar para os encantados, brindar a gargalhada, os corpos, a utopia. Criar um espaço de acolhida e respeito a todas as pessoas que se foram e aquelas que neste momento sentem a dor do corte", dizem Daniele e K-iqui.
Jorge Peloso
O festival está dividido em três atos: Corpo Ausente, Preservação dos Sentidos e Ode Aos Profanos. Cada ato é composto por obras que, em seu cerne de pesquisa, linguagem e ou estética, são atravessados por estes temas. Além das apresentações, os atos também trazem espaços de aprendizado por meio de oficinas e palestras de artistas que se relacionam também com estes aspectos temáticos.
Os atos são compostos por apresentações artísticas e ações formativas, como oficinas e palestras. Essas ações também estão divididas em três frentes: Micro performances, Inserções poéticas e Ritos, criados pelos Contadores de Mentira.
Micro performances - reúne artistas e fazedores culturais de variadas linhas da arte num desafio de criar uma proposição artística em vídeo com o tema do festival em apenas 59 segundos. Trata-se de um suspiro poético em meio ao grande mar de ações. Esta ação recebeu o nome de ARRISCA e vai ser exibida pelo Instagram.
Inserções Poéticas - artistas de outras partes do mundo em um desafio de criar um “rito” em formato audiovisual. Em todas as edições do festival, o grupo cria grandes banquetes artísticos onde artistas, grupos e público são envoltos numa atmosfera ancestral de cantos, danças, declamações, comida, bebida, teatro e vida emaranhados num único espaço e tempo. Como a edição atual será realizada de forma digital, os grupos foram convidados a criarem, em seus territórios, as possibilidades de ações que possam revelar um pouco desta mesma atmosfera antes criada presencialmente.
Ritos cria demarcações, contestações, vitalidade e transcendência. Respeitando o contexto atual de pandemia, a ideia é marchar desde Suzano até a nascente do rio Tietê, somando assim mais de 550 mil passos, número equivalente à quantidade de brasileiros mortos até agora em decorrência do coronavírus. O percurso será realizado em três dias e, na trajetória, o grupo deixará pequenos atos poéticos pelas ruas, casas e mata.
Helder Vasconcelos
Destaques do Festival
A programação completa de E(s/x)tirpe está disponível por meio do site festivalesxtirpe2021.com, onde é possível conhecer as 50 atividades previstas. Alguns dos destaques são o espetáculo teatral Desmontagem Meierhold, do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, Baile Baião, de Helder Vasconcelos, de Recife, e a apresentação Manifesto, da cantora, compositora e percussionista pernambucana Alessandra Leão.
Entre os destaques internacionais estão Adiós Ayacucho, do grupo Yuyachkani, do Peru, Ñaque Historias de Piojos Y Actores, do Ensamblaje Teatro, da Colômbia, e A Vida Crônica, do grupo dinamarquês Odin Teatret. Entre as oficinas, destaca-se Que vantagem tem o teatro, em contextos de desvantagem?, do diretor e escritor colombiano Jorge Romero Mora.
Entre as palestras, destacam-se Sobre o Corpo Ausente, do diretor, pesquisador e membro fundador do Grupo Cultural Yuyachkani Miguel Rubio (Peru) e A Preservação dos Sentidos, de Tiche Viana (Campinas/SP).
E(s/x)tirpe - Encontro Para Celebração e Rito
De 13 a 29 de agosto, no Youtube Contadores de Mentira
A programação fica disponível para acesso apenas nos horários indicados pelo site festivalesxtirpe2021.com
Comments