Obra desvenda relação de militares com o governo brasileiro atual
Foto: Otávio Dantas
O General Heleno elucubra sobre sua exoneração do comando das Forças de Paz no Haiti, após uma desastrada ação na favela Cité Soleil, em Porto Príncipe. Esta é uma das cenas presentes em "Verdade", escrito e dirigido por Alexandre Dal Farra, para o premiado grupo Tablado SP (novo nome do Tablado de Arruar).
Assim como na trilogia Abnegação (2014-2016), que olhava criticamente para o PT, e no espetáculo Branco (2017), que abordava a questão da branquitude, em Verdade o grupo dá continuidade à proposta de debater questões políticas polêmicas e extremamente atuais.
Agora, a dramaturgia se debruça sobre momentos decisivos da história recente, ficcionalizando os fatos. A obra é resultado de pesquisa coletiva de mais de dois anos, em que o Tablado SP organizou debates, leituras cênicas e outras ações, com o apoio da Lei de Fomento para a Cidade de São Paulo.
Foto: Otávio Dantas
Estão na peça, além do já citado General Heleno, outras figuras do Exército Brasilleiro como os generais Hamilton Mourão, Eduardo Villas-Boas, Enzo Peri, Maynard Santa Rosa, Sérgio Etchegoyen, Carlos Alberto Santos Cruz, Edson Pujol e o coronel Paulo Malhães.
E também personalidades da esquerda como no embate entre o ministro Aloizio Mercadante e a presidenta Dilma Rousseff, quando da assinatura da lei que veio a instaurar a delação premiada.
O foco é a atual militarização do poder em curso no país. No palco, são tratadas questões políticas tendo como objeto de estudo as estratégias contemporâneas utilizadas pelos militares brasileiros para a ocupação do poder no Brasil, cuja gênese remete à Lei da Anistia (1979) e à Comissão da Verdade (2011-14). Por isso, VERDADE busca olhar para os militares, com sua estrutura, a partir de hipóteses.
Foto: Otávio Dantas
Um dos conceitos que veio à tona ao longo da pesquisa, e que norteia a escrita da obra, é o termo ‘guerra híbrida’, uma “guerra por procuração”, em que os verdadeiros agentes do conflito permanecem invisíveis, e que já está em andamento no Brasil, com o avanço de militares em várias esferas do Poder federal, de forma silenciosa, sem chamar a atenção.
Ficha Técnica
Texto e direção: Alexandre Dal Farra
Atores: André Capuano, Alexandra Tavares, Clayton Mariano, Gabriela Elias e Nilcéia Vicente
Cenário: Alexandre Dal Farra, Stephanie Frentin e Camila Refinetti
Luz: Wagner Antonio
Figurinos: Victor Paula
Produção: Corpo Rastreado - Leo Devitto
Idealização: Tablado SP
Este projeto foi realizado com o apoio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura
VERDADE
Temporada: De 14 a 31 de Julho
Horário: Quinta a Sábado, às 21h | Domingo, às 19h
Local: Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso
Ingressos: Gratuito | Retirar na bilheteria 01h antes da sessão
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos
Lotação: 80 lugares
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