Fábula contemporânea é inspirada no livro L’Aquarium, da autora suíça Cornélia De Preux.
Foto: Claus Lehmann
O Sesc Santo Amaro está retomando as atividades presenciais na Unidade e estreia duas sessões do espetáculo “O Aquário” no Teatro. O texto é baseado no romance homônimo da autora suíça Cornélia de Preux e traz no elenco os atores Fabiana Gugli, Luiza Curvo, Luiza Micheletti e Robson Catalunha, com a direção de Cássio Brasil.
Na encenação, uma família de classe média simula uma viagem de férias para as ilhas Fiji, na Oceania. Embora não tenha dinheiro para de fato financiar a ida, o patriarca Constantin sustenta a ideia com confiança e espalha a notícia aos quatro ventos; reserva hotéis, planeja traslados, pesquisa diversos passeios e faz questão de dividir as
novidades com a vizinhança do condomínio onde vive. No dia da partida, no entanto, ele se tranca no porão da própria casa ao lado da esposa e dos três filhos em nome da manutenção da mentira. A família ficará ali, enclausurada, durante as férias.
Tatiana e os filhos Kevin, Violeta e Vladimir cumprem diariamente uma série de metas estabelecidas pelo pai, tais como passar bronzeador, assistir ao noticiário, treinar a imaginação criativa para elaborarem fatos das férias fictícias e serem capazes de relatar suas experiências com verdade e naturalidade, além de observar os peixes no aquário e estabelecer certa simbiose com eles.
Foto: Claus Lehmann
A proposta da montagem consiste em estabelecer um paralelo metalinguístico na experiência da família no porão e dos atores em cena. O objetivo não é o da transposição linear da literatura para as artes cênicas, com uma dramaturgia fechada em cima da sinopse de um livro, pois perderia em profundidade. A direção do espetáculo decide, assim, “atravessar” a obra de Cornélia de Preux literalmente ao invés de adaptá-la, na medida em que as forças que permeiam as relações da família e da própria experiência que os personagens passam na história não estão nos diálogos ou ações, mas no que cada um representa como força social e de que maneira cada uma dessas forças responde à sua própria condição de enclausurado.
O público é convidado a “mergulhar” nas sensações, mais do que na trama, para conseguir se enxergar refletido nas paredes do aquário/porão percebendo experiências singulares. A situação se instaura como clima e terreno fértil para o imprevisível, sem texto de apoio e nem a segurança de um começo, meio e fim.
CONCEITO DE DRAMATURGIA EM “O AQUÁRIO”
De acordo com a equipe de produção não há curva dramatúrgica estabelecida sobre bases fabulares. O que há é uma fenda profunda a cada apresentação que também é entendida como uma fissura por onde brotam estímulos, contatos, silêncios, narrações, metalinguagem, performances, catarses, erros. A angústia do desamparo dos personagens é a mesma dos atores. A aflição de não ter saída e de precisar manter-se digno de existir e ser visto pelo mundo, também. A lógica narrativa é, como se classifica em roteiros de cinema, de segundo/terceiro campo (típica do cinema europeu, ou de filmes "de arte"): importa menos “o que” as personagens fazem, mas “quem” elas são. Não há protagonismo, mas quatro forças correndo simultaneamente em diferentes níveis de consciência. Não há compromisso com o final ou com alguma moral da história.
Foto: Claus Lehmann
SINOPSE
Uma família de classe média sem dinheiro simula uma viagem de férias para as ilhas Fiji e espalha a notícia aos quatro ventos. No dia da partida, no entanto, o pai, Constantin, se tranca no porão da própria casa ao lado da esposa e dos três filhos em nome da manutenção da mentira. A fábula contemporânea evidencia o narcisismo patológico no qual a sociedade contemporânea mergulha.
Ficha Técnica
Tradução: Reto Melchior
Direção: Cássio Brasil
Elenco: Fabiana Gugli, Luiza Curvo, Robson Catalunha, Luisa Micheletti
Iluminador: Pajeú
Montagem: Murillo Carraro
Produção executiva: Cicero de Andrade e Vivian Vineyard
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
O AQUÁRIO
Temporada: Dias 04 e 05 de Dezembro, sábado e domingo
Horário: Sábado, às 20h | Domingo, às 18h
Local: Rua Amador Bueno, 505 - Santo Amaro
Ingressos: Ingressos: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia)*
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos
*Meia-entrada: estudantes, +60 anos e aposentados, pessoas com deficiência e servidores da escola pública e Credencial Plena válida: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes.
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