Além da temporada, o coletivo vai oferecer oficina gratuita e debate com Rita von Hunty
Foto: Giovani Fernandes
O que significa ser viado nos dias de hoje? Essa é a pergunta disparadora de "Inhaí - Coisa de Viado", que já participou de festivais em São Paulo e Minas Gerais e em espaços importantes como a Casa 1 e que agora o Coletivo Inominável leva ao Sesc Belenzinho. Além da temporada, o coletivo promove a oficina Poéticas Viadas e um debate com a Rita von Hunty, drag queen interpretada pelo professor Guilherme Terreri, colunista na Carta Capital, youtuber e palestrante.
A partir de estudos científicos, fatos históricos, fenômenos da cultura pop e depoimentos pessoais, "Inhaí - Coisa de Viado" compartilha a pergunta com a plateia e tenta encontrar respostas em conjunto: a participação do público é essencial para o espetáculo.
Criando paralelos entre o animal veado e seu papel na simbologia de diversas culturas (de criaturas adordas a símbolo de boa sorte, fertilidade e imortalidade) e a ofensa viado, muito popular no Brasil, país que detém uma das maiores taxas de violência contra a população LGBTQIA+ no mundo, "Inhaí - Coisa de Viado" é uma celebração da viadagem.
Foto: Giovani Fernandes
Para o Coletivo Inominável, a celebração da identidade não é apenas um jeito de combater a homofobia presente numa cultura que ensina que ser viado é errado, mas é também um direito e uma importante ferramenta de construção de futuros melhores - tema essencial na produção do Coletivo, na ativa desde 2015.
Com dramaturgia de Fernando Pivotto e Cezar Zabell, que também assina a direção, o espetáculo conta com Wes Machado e a drag queen Alexia Twister no elenco que, junto com Pivotto, compõem um grupo plural que apresenta diversas experiências e pontos de vista sobre o assunto.
Tópicos como idade (da infância nos anos 70 e 90 até o envelhecimento e perspectivas de futuro), classe, raça, entre outros, surgem nas falas dos atores e mostram ao público os pontos que todos os performers têm em comum, e os pontos que são individuais, refletindo sobre o que é comum aos homens gays de diversas gerações e quais são os desdobramentos quando a sexualidade se intersecciona com outros marcadores sociais.
DRAMATURGIA
Foto: Giovani Fernandes
Para a construção de "Inhaí - Coisa de Viado", o Coletivo pesquisou a história do movimento LGBTQIA+ no Brasil e além de estudar o conteúdo de grupos de militância, como o Somos e o Grupo Gay da Bahia. Além disso, foram estudados autores referência no assunto, como João Silvério Trevisan (Devassos no Paraíso), James N. Green (Além do Carnaval), Bruno Bimbi (O Fim do Armário) e Paco Vidarte (Ética Bixa), entre outros.
“Foram materiais importantes para nos mostrar como era a vida dos homossexuais em períodos distintos no país. Utilizamos também notícias recentes como material cênico, de modo que cenas já existentes são continuamente atualizadas e novas podem surgir ao longo da temporada”, conta o diretor.
Já Fernando Pivotto explica que Inhai expõe as motivações sociais e políticas da homofobia no país e no Ocidente. “Pela complexidade do assunto e pela pluralidade presente sob o guarda-chuva LGBTQIA+, o espetáculo é um recorte deste tema, focando especificamente nos depoimentos de homens gays.
Foto: Giovani Fernandes
Muito mais do que acentuar o protagonismo gay dentro do movimento, a ideia da peça é promover um recorte dentro desta diversidade para olhar com cuidado para o objeto do nosso estudo, analisando poeticamente e com responsabilidade a já complexa situação dos homens gays de agora”.
PONTO DE ENCONTRO, DEBATE E OFICINA
Ciente de que não existe resposta única para a pergunta “o que significa ser viado nos dias de hoje”, nem unidade absoluta na experiência homossexual, o Coletivo vê "Inhaí - Coisa de Viado" como um ponto de encontro e de partilha entre os membros do Coletivo e a plateia, que é convidada a participar ativamente do espetáculo.
Seja compartilhando histórias, respondendo a perguntas, ou cantando num karaokê improvisado junto com o elenco, o público oferece mais complexidade aos tópicos levantados pelo Coletivo, e soma ainda mais na celebração.
Foto: Kaike Telles
No debate, Rita e o Coletivo discutem a importância da celebração nos dias atuais e na construção de futuros melhores, e na oficina serão compartilhados os procedimentos criativos usados nos espetáculos do grupo, como a dramaturgia de interrupções, a dimensão performática/documental da cena, a celebração como resistência das identidades e estratégias para borrar fronteiras entre palco e plateia.
Ficha Técnica
Direção: Cezar Zabell
Assistência de direção: Fernando Pivotto
Dramaturgia: Fernando Pivotto e Cezar Zabell
Elenco: Alexia Twister, Fernando Pivotto e Wes Machado
Operação de luz: Murilo de Góes
Operação de som: José Olegário
Cenógrafo: Caio Marinho
Preparação Corporal: Rico Malta
Desenhos originais: Bruna Sizilio
INHAI - COISA DE VIADO
Temporada: De 12 a 21 de Agosto*
Horário: Sextas e Sábados, às 21h30 | Domingo (14/08), às 17h30 | Domingo (21/08) às 18h30
Local: R. Padre Adelino, 1000 - Belenzinho
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) | R$ 15,00 (meia) | R$ 9,00 (credencial plena) | Compre aqui
Duração: 70 min
Capacidade: 100 lugares
Classificação: 16 anos
*Nos dias 19 e 20 de Agosto, o espetáculo contará com interpretação em LIBRAS
BATE- PAPO COM RITA VON HUNTY
Dia 14 de Agosto (Domingo) logo após o espetáculo
OFICINA POÉTICAS VIADAS
Inscrições: envio de carta de interesse para inominavelcoletivo@gmail.com
Quando: De 16 a 18 de Agosto
Horário: De Terça a Quinta, das 16h às 18h
Valor: Gratuito
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