Com direção de Georgette Fadel, peça estreia online no Youtube
Foto: Elenize Dezgeniski
A Cia. Fluctissonante é um coletivo teatral curitibano formado por artistas surdos e ouvintes que pesquisam a criação cênica bilíngue, em Libras e Português. Em sua trajetória, o grupo investiga as possibilidades estéticas do bilinguismo, inserido a Libras dentro do palco e não fora dele, através do recurso de tradução simultânea, como comumente é realizada a acessibilidade para surdos no campo das artes cênicas. Assim, além de integrar surdos e ouvintes em sua equipe, os espetáculos da companhia também promovem essa integração nas plateias. Nos espetáculos do grupo, a interpretação dos atores ocorre nas duas línguas.
Em comemoração aos 5 anos de atividades, a Fluctissonante estreia o espetáculo ELEVADOR, uma criação compartilhada do grupo junto à diretora Georgette Fadel, especialmente convidada para o projeto. No espetáculo pela primeira vez a Flucti - como é carinhosamente chamada por seus integrantes - aborda a ideia de acessibilidade como pauta principal do projeto. Em cena estão os atores ouvintes Nautilio Portela - veterano do teatro do sul do país - e Helena de Jorge Portela, e a atriz surda Catharine Moreira. Além deles, Igor Augustho, artista do grupo desde a sua fundação, assina a co-direção do trabalho, que é produzido pela Pomeiro Gestão Cultural.
Foto: Elenize Dezgeniski
A opção por abordar a ideia de acesso também como tema, deu-se a partir de uma série de encontros em que o grupo refletiu e repensou os caminhos trilhados até agora, em confluência com visões particulares de seus integrantes. Estas discussões foram ainda alimentadas por uma série de ações online realizadas pelo coletivo, como um dos 17 integrantes dos projetos Palco Giratório e Plataforma Cena, ambos do Sesc Nacional, no ano de 2021.
Sinopse
Um grupo de artistas brasileiros reúne-se para encenar um texto já apresentado centenas de vezes na história do teatro. Em sua estreia, os três - um ator idoso, uma atriz surda e uma diretora ouvinte - são surpreendidos pela presença de um espectador cadeirante no térreo do teatro: o elevador de acesso ao auditório está quebrado. Esta ocasião, então, dá sequência a alguns fragmentos de seus processos criativos, do espetáculo que estreariam na mesma noite e dos olhares plurais que lançam em relação aos dias em que vivem.
Quem acessa os nossos trabalhos?
Quando surgiu, a Cia. Fluctissonante era um grupo de artistas ouvintes que se perguntava: ‘quem acessa nossos trabalhos?’. 'Elevador' é uma montagem que reflete a ideia de acesso em seus mais diversos sentidos, contextualizando-a principalmente na relação entre o teatro e seus públicos atualmente. Entendendo o conceito de acessibilidade de modo não exclusivo às pessoas com deficiência, a ideia de acesso, nesse caso, amplia-se também para os debates ligados à relação entre o teatro e seus públicos.
“Não há respostas. Ao contrário, perguntamos. Perguntamos muito, perguntamos o tempo todo. Quem nos acessa? Quem acessamos? A quem fala o teatro contemporâneo? Por quem fala o teatro contemporâneo? De quem falamos quando nos referimos ao público, assim, no singular, essa massa heterogênea, amorfa, sem particularidades e diversidades? Quais elevadores ainda padecem de conserto? Não há resposta. Somos um grupo que, na verdade, prefere errar tentando a sentir que fez tarde demais, justamente pelo desejo de fazer certo”, contam Helena de Jorge Portela e Igor Augustho, dramaturgistas do espetáculo, que avançam:
Foto: Elenize Dezgeniski
“Elevador é, também, sobre o risco, sobre o desconhecido, sobre um território que ainda não nos é confortável. Pela primeira vez em nossa trajetória, a ideia de acessibilidade e inclusão está pautada na construção dramatúrgica também como tema e não apenas como possibilidade estética, característica que marca os trabalhos da companhia. Chegamos aqui entendendo que isto tudo não é sobre ser didático. É sobre ser ultra-didático”.
Além da criação em Libras e Português, neste trabalho, o grupo experimenta pela primeira vez a ideia de dramaturgia descritiva, em que a própria dramaturgia realiza a audiodescrição de alguns movimentos, elementos e cenas do espetáculo. O trabalho foi criado de modo híbrido, através de encontros virtuais pelo Zoom e outros presenciais na cidade de Curitiba;
O espetáculo foi gravado em Curitiba no mês de novembro e pensado para o palco. O registro exibido ao público é uma ‘prova’ do que poderá ser assistido futuramente, em eventuais temporadas presenciais.
Ficha Técnica:
Direção: Georgette Fadel
Co-Direção: Igor Augustho
Dramaturgismo: Helena de Jorge Portela e Igor Augustho
Elenco Criador: Catharine Moreira, Helena de Jorge Portela e Nautilio Portela
Intérpretes Criadores (Libras): Talita Grünhagen e Peterson Simões
Tradução e Supervisão em Libras: Taepé - Libras e Cultura
Trilha Original e Direção Audiovisual: Chico Paes
Cenografia: Guenia Lemos I Prego Torto
Figurinos: Eduardo Giacomini
Iluminação: Beto Bruel
Pintura Artística (Cenário e Figurinos): Jorge Galvão
Edição de Vídeo: Ricardo Kenji
Captação de Áudio: Jean Augusto
Direção de Produção: Igor Augustho
Produção Executiva: Jewan Antunes
Costureira: Rose Matias
Alfaiate: Marino Ferrara
Cenotécnico: Samuel Amorim I Drigs Artes Visuais
Próteses Dentárias (Hienas): Antenor Luiz Suizani
Orelhas (Hienas): Katia Horn
Operação de Luz: Eduardo Neto
Roteiro Audiodescritivo: Helena de Jorge Portela
Consultoria em Audiodescrição: Suzana Portal
Narração Audiodescrição: Katia Drumond
Design Gráfico: Pablito Kucarz
Fotografias: Elenize Dezgeniski
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Assessoria em Marketing Digital: Platea Comunicação e Arte
Produção e Realização: Pomeiro Gestão Cultural
Criação e Realização: Cia. Fluctissonante
Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
ELEVADOR
Temporada: De 03 a 19 de Dezembro*
Horário: Diariamente às 20h30
Local: Canal do Youtube da Cia. Fluctissonante
Ingressos: Gratuitos | Reserve aqui
*Sessões com audiodescrição aos domingos, 18h30
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