Obra discute questões de gênero a partir do conto homônimo de João do Rio
Foto: Karen Mezza
Livremente inspirado no conto homônimo de João do Rio (1881-1921), “O Bebê de Tarlatana Rosa” amplia o universo social construído pelo autor para discutir questões de gênero ao mesclar elementos da vida dos artistas, todes LGBTs, à narrativa.
A trama é ambientada no Rio de Janeiro do início do século 20, durante as noites de um Carnaval meio marginal. O grupo estava em busca de uma obra brasileira que pudesse ser explorada a partir de uma perspectiva queer, e o conto cumpriu esse requisito com maestria.
Foto: Karen Mezza
“Com o João do Rio, além de encontrarmos justamente esse ponto de vista queer, conseguimos falar de um Brasil em fase de transição. Aquele momento marcou o início de um processo de higienização no centro do Rio de Janeiro, com as pessoas sendo levadas para os morros. Ao mesmo tempo, construiu-se um ideal de cidade e de corpo que desprezava tudo o que não era europeu, branco e cisgênero”, comenta Jaoa de Mello, um dos integrantes do Rainha Kong.
Ao evocar essas questões, o grupo faz um paralelo com dois Brasis, o do passado e o do presente, revelando que certas discussões parecem eternas: por que ainda existem pessoas e corpos que são assassinados diariamente? Quem são essas pessoas hoje? Como são esses corpos?
Foto: Karen Mezza
“Nossa ideia não era atualizar o texto do João do Rio, por isso ele está integral. Na verdade, o espetáculo parte de recortes de elementos muito díspares que, juntos, produzem um potente efeito. Dessa maneira, a figura do bebê, que, na nossa leitura, não é uma pessoa cisgênero, serve como uma alavanca para debater os depoimentos”, conta Aleph antialeph, outro dos artistas do grupo.
No palco, todos esses aspectos se traduzem em um cenário enxuto, composto principalmente por uma caixa d’água. O simples objeto assume múltiplas representações, pois pode ser visto como um útero, uma tumba, o mar ou mesmo como um símbolo de limpeza.
Foto: Karen Mezza
Para os figurinos, como a peça discute o corpo, a proposta foi deixá-lo em evidência. A inspiração veio das roupas de banho antigas, comumente usadas nas praias e balneários. A Rainha Kong fez uma releitura desse tipo de vestimenta.
Ficha Técnica
Direção: Rainha Kong
Dramaturgia: criação coletiva livremente inspirada em texto de João do Rio
Elenco: Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello, Vitinho Rodrigues
Desenho e operação de luz: Felipe Tchaça
Sonoplastia: Rainha Kong e Nãovenhasemrosto
Operação de som: Nãovenhasemrosto
Arte: Aleph antialeph
Material fotográfico e videográfico: Karen Mezza, Natt Fejfar, Normélia Rodrigues, Thomas BF” e VM Filmes
Produção: RK Produção
Coordenação de produção: Iza Marie Miceli
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
O BEBÊ DE TARLATANA ROSA
Temporada: De 16 a 25 de Junho
Horário: Dia 16, às 19h | Dias 17, 18, 23, 24 e 25, às 20h30
Local: R. Pais Leme, 195 – Pinheiros
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) | R$ 15,00 (meia) | R$ 9,00 (credencial plena) | Compre aqui
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
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