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Cia Razões Inversas comemora 30 anos com adaptação do poema narrativo de Alfred Tennyson

Espetáculo "Enoch Arden" estreia no Centro Brasileiro Britânico

Foto: Thiago Mucha


A Cia Razões Inversas comemora 30 anos de existência trazendo para o palco a adaptação do poema narrativo de Alfred Tennyson, traduzido por Paulo Marcello, que está em cena ao lado do músico Fernando Esteves, com direção de Marcio Aurelio. Essa é a primeira tradução e versão integral do poema no Brasil.


O espetáculo Enoch Arden estreia no CBB (Centro Brasileiro Britânico) e em seguida, vai para a Oficina Cultural Oswald de Andrade para temporada. Projeto contemplado pelo Edital ProAc Expresso LAB n° 47/2020, pelo Histórico em Teatro da Companhia.


Como parte das comemorações de 30 anos da Cia, também serão colocados à disposição do público no Youtube o registro dos seguintes espetáculos: Vem, senta aqui ao meu lado e deixa o mundo girar... Jamais seremos tão jovens (1990 - espetáculo de formatura da primeira turma que deu origem à companhia), A Comédia dos Erros (1991), Ricardo II (1992), A Bilha Quebrada (1993), Senhorita Else (1997), Maligno Baal, o Associal (1998), A Arte da Comédia (1999), Édipo Rei 2001), Filoctetes (2015) e Caixa de Memória (2018).


Foto: Thiago Mucha


Enoch Arden é um poema narrativo publicado em 1864 por Alfred Lord Tennyson, durante seu período como Poeta Laureado da Inglaterra. A história em que foi baseada foi fornecida a Tennyson por Thomas Woolner. O poema emprestou seu nome a um princípio legal de que, depois de desaparecer por certo número de anos (normalmente sete), uma pessoa poderia ser declarada morta para fins de novo casamento e herança.


A Cia Razões Inversas, que está completando 31 anos, vem desenvolvendo há anos uma profunda pesquisa sobre teatro narrativo que levou à criação de espetáculos premiados e de grande sucesso como Agreste e Anatomia Frozen. Além disso, a utilização do elemento musical na construção da estrutura espetacular se tornou uma das características distintivas de linguagem cênica dentro do trabalho do grupo.


Estes dois elementos de linguagem podem ser observados em diversos trabalhos. Neste sentido, a obra Enoch Arden reúne estas características de modo perfeito para a continuidade e aprofundamento da pesquisa de linguagem teatral da Companhia. Além disso, ele propicia a oportunidade para que a Companhia investigue a linguagem do melodrama, um desejo antigo que agora se concretiza.


Foto: Thiago Mucha


O herói do poema, o pescador que virou marinheiro mercante Enoch Arden, deixa sua esposa Annie e três filhos para ir ao mar com seu antigo capitão, que lhe oferece trabalho depois que ele perdeu o emprego devido a um acidente; refletindo a visão masculina do herói sobre o trabalho e as dificuldades pessoais para sustentar sua família, Enoch deixa sua família acreditando assim servi-los melhor como marido e pai. No entanto, durante sua viagem, naufraga em uma ilha deserta com dois companheiros: ambos eventualmente morrem, deixando Arden sozinho lá.


Esta parte da história é uma reminiscência de Robinson Crusoé. Enoch Arden permanece perdido e desaparecido por mais de dez anos. Ele descobre ao retornar do mar que, após sua longa ausência, sua esposa, que imaginava morto, está casada novamente, um casamento feliz com outro homem, seu amigo de infância Philip (Annie conhece os dois homens desde a infância, daí a rivalidade) e tem um filho com ele. A vida de Enoque permanece vazia, com um de seus filhos agora morto, e sua esposa e os filhos restantes sendo cuidados por seu antigo rival. Enoque nunca revela à esposa e aos filhos que está realmente vivo, pois a ama demais para estragar sua nova felicidade. Contudo, com o coração partido, Enoch vem a morrer de tristeza.


A OBRA DE RICHARD STRAUSS


O Enoch Arden (Op, 38, TrV. 181, de Richard Strauss) é um melodrama para narrador e piano escrito em 1897 para o poema narrativo de Tennyson.



Richard Strauss escreveu Enoch Arden para o ator Ernest von Possart, que em 1896 o ajudou a obter o posto de Maestro Chefe na Ópera do Estado da Bavária, em Munique. Ele o escreveu enquanto se dedicava à composição de Dom Quixote e o terminou em fevereiro de 1897. Strauss e Possart viajaram muito com o melodrama, em uma tradução alemã de Adolf Strodtmann, sendo a obra bem recebida pelo público e fazendo crescer a reputação de Strauss mais pela força dela do que por seus poemas sinfônicos. No ano seguinte, Strauss capitalizou seu sucesso escrevendo Das Schloss am Meere (O castelo junto ao mar) com palavras de Ludwig Uhland.


O gênero do trabalho foi descrito como de música incidental. Consiste principalmente em breves interlúdios indicativos de mudanças de tempo e ambiente, bem como momentos de pontuação e comentários. Cada uma das duas partes é introduzida por um prelúdio e conclui com um poslúdio. Strauss usa leitmotifs para identificar cada um dos personagens: Enoch Arden (uma sequência de acordes em Mi bemol), Annie Lee (uma figura crescente em Sol), Philip Ray (uma melodia em Mi), o mar (Sol menor). Ele não as desenvolve em melodias, mas as usa estaticamente. Existem longas passagens onde o piano fica em silêncio enquanto permanece apenas a narrativa.


Foto: Thiago Mucha


Devido à natureza esparsa da música, as apresentações de Enoch Arden dependem muito mais do narrador e do que do pianista. Não se trata de uma obra musical em si, já que ela nunca teve a intenção de ser principalmente uma peça musical, mas uma apresentação dramática com acompanhamento musical.


Enoch Arden foi muito popular em sua época, mas caiu na obscuridade quando a moda mudou e recitações, declamações e melodramas passaram a ser considerados ultrapassados. Contudo, nos últimos anos, o trabalho atraiu alguns nomes notáveis no papel do narrador, incluindo Dietrich Fischer-Dieskau, Jon Vickers, Michael York, Claude Rains, Benjamin Luxon, Patrick Stewart e Gwyneth Jones, e no papel do pianista, incluindo Glenn Gould, Emanuel Axe e Mark-André Hamelin.


Ficha técnica:

Texto: Alfred Tennyson

Tradução: Paulo Marcello

Música: Richard Strauss

Encenação: Marcio Aurelio

Cenários, figurinos e iluminação: Marcio Aurelio

Ator-narrador: Paulo Marcello

Pianista: Fernando Esteves

Preparação Corporal: Luciana Hoppe

Direção de Produção: Paulo Marcello



OFICNA TEATRO NARRATIVO, INVESTIGAÇÃO DE UMA POÉTICA CONTEMPORÂNEA

Período: De 16 a 18 de Dezembro

Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade


Descrição: Apresentação da pesquisa de linguagem realizada pela Companhia Razões Inversas e aplicação de exercícios práticos dentro das técnicas de atuação desenvolvidas para a cena.


Público Alvo: Atores com alguma experiência na área.


Inscreva-se aqui


ENOCH ARDEN

Temporada: Dias 10, 11 e 12 de Dezembro

Horário: Sexta às 20h | Sábado e Domingo às 19h

Local: Centro Brasileiro Britânico - R. Ferreira de Araújo, 741 - Pinheiros

Ingressos: Gratuito | Reserve aqui

Capacidade: 78 lugares

Duração: 1h30


Temporada: Dias 15, 16, 17 e 18 de Dezembro

Horário: Quarta, Quinta e Sexta às 20h | Sábado às 18h

Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade - Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro

Ingressos: Gratuito

Duração: 1h30


Obrigatório o uso de máscara e apresentação do comprovante de vacinação.



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