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Solo que traz à cena diálogo sobre corpos convivendo com HIV estreia em ambiente virtual

"A Doença do Outro" foi Vencedor do 7º edital da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo

Foto: Jonatas Marques


Com direção de Fabiano Dadado de Freitas e atuação do próprio autor, o solo traz à cena um diálogo sobre os corpos convivendo com HIV, suas estigmatizações e as conquistas sociais. Na versão on-line de A DOENÇA DO OUTRO, Ronaldo Serruya propõe o formato de uma peça-filme adaptando a dramaturgia para o audiovisual.

“Apesar de partir do mesmo texto e de imagens captadas durante as apresentações presenciais, resolvi distinguir os materiais. No ambiente virtual é uma outra fruição com outros enquadramentos. Com certeza é uma versão diferente”, adianta Ronaldo Serruya. O espetáculo que, ao mesmo tempo toma o rigor teórico e documental do formato palestra, joga com a teatralidade através do videografismo, permeando toda a encenação com projeções em vários locais, inclusive no figurino.

Ronaldo Serruya recebeu o diagnóstico positivo para HIV em 2014. Depois de um período de elaboração e relacionamento com a revelação, encontrou nos discursos artísticos uma maneira de debater, criticar e confrontar toda a construção dos estigmas em torno da doença.

“Para a maioria o corpo portador do HIV é um corpo perigoso, recusado, fracassado e sigiloso. Escrever a peça era um sonho antigo, agora materializado como forma de recusar o silêncio e a culpabilização”, explica Serruya. Para ele, nesses 40 anos de HIV no mundo os avanços científicos foram enormes, mas o preconceito e a “sorofobia” fazem do HIV uma doença social.

Arte x HIV

Atravessamento pessoal, A DOENÇA DO OUTRO é um processo autoral, já que Ronaldo Serruya é o autor e ator do monólogo. Para não deixar um contaminar o outro, Serruya convidou Fabiano Dadado de Freitas para assumir a direção trazendo novas possibilidades para a encenação.

Foto: Jonatas Marques


Os dois que já se conhecem a muito tempo ainda não tinham trabalhado juntos em um espetáculo teatral, mas criaram o projeto Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/ AIDS, que analisa a história social da doença e reflete sobre os estigmas que rondam corpos positivos através da fricção entre Arte x HIV.

Além do videografismo proposto na cenografia, o espetáculo conta com figurino criado por Luiza Fardin (vencedora dos prêmios Cesgranrio, Shell e APTR 2016 na categoria melhor figurino pelo espetáculo Se eu fosse Iracema). O figurino em tons claros apresenta uma concepção descontruída e assimétrica e servirá também como plataforma de projeção.

Desfilmar o imaginário

Integrante do Grupo XIX de Teatro e do Teatro Kunyn, grupo de teatro com montagens sobre o universo gay, Ronaldo Serruya escreveu em 2017 Desmesura, encenada pelo Kunyn. “Protegido pela ficção escrevi o texto já com muitas referências ao HIV, pois busquei inspiração na vida do dramaturgo argentino Raul Taborda Damonte, o Copi, que morreu em decorrência de complicações oriundas da doença, ainda na década de 80. Já com A DOENÇA DO OUTRO o objetivo é ‘desfilmar’ todo o imaginário de estigmatização e preconceito que, principalmente o cinema trouxe sobre um corpo portador de HIV”, conta o autor e ator.

Para ele, a estreia de A DOENÇA DO OUTRO não é um ato heróico ou de coragem, mas uma contribuição singela para o reconhecimento e uma digna reverência ao corpo positivo.

Ficha Técnica:

Idealização, Texto e Atuação – Ronaldo Serruya. Direção – Fabiano Dadado de Freitas. Direção Audiovisual – Caio Casagrande. Videoarte e Cenografia – Evee Avila e Mauricio Bispo. Edição e Filmagem – Caio Casagrande. Figurino – Luiza Fardin. Iluminação – Dimitri Luppi Slavov. Trilha Sonora Original – Camilla Couto. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Designer Gráfico – Rafael Fortes. Fotos e Assessoria de mídias sociais – Jonatas Marques. Produção – Cristiani Zonzini.


A DOENÇA DO OUTRO

Temporada: De 31 de Janeiro a 06 de Fevereiro

Horário: Diariamente às 20h

Local: Canal do Youtube do Centro Cultural São Paulo

Ingressos: Gratuitos | Reserve aqui

Duração: 30 minutos

Classificação: 14 anos

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