A mostra de repertório voltada para crianças é composta por cinco obras
Foto: Paulo Marcos
Lara Hassum e Paulo Marcos, fundadores da companhia e artistas que assinam a dramaturgia e direção de todas as obras apresentadas na mostra, contam que as peças do grupo também se preocupam em abordar, com delicadeza, alguns temas sociais relevantes. "Entendemos a criação artística como uma catarse, uma cura de muitos vícios que vamos obtendo ao longo da vida", diz Paulo. Isso é o pano de fundo, por exemplo, da obra O Lugar de Onde se Vê, em que uma menina muito triste descobre o prazer e a vontade de brincar por meio de personagens icônicos do teatro. "Para ela, o teatro se torna um local de pensar o mundo, com seus problemas e questões, podendo contar com sua poesia", complementa Lara.
Na peça O Novo Rei de Beleléu, os moradores da cidade vivem uma epidemia de "Tanto-Faz", que causa nos contagiados uma grande apatia pela vida. Em Beleléu, quem tenta tomar o trono e ser rei é um capitão do exército fanfarrão e medroso. Quem se coloca contra o rei e tenta tirar os cidadãos desse estado tedioso é um sanfoneiro que usa ao seu favor o poder da música e da arte.
Juntos Somos Nós é uma obra que trata das belezas e dificuldades dos processos de aprendizagem e amadurecimento pessoal. Fuga do Planeta Melancia traz uma perspectiva ecológica para discutir a importância da preservação da natureza e Estação Vivaldi introduz aos pequenos a obra do compositor Antonio Vivaldi para falar - ainda que sem palavras, pois trata-se de um espetáculo sem texto verbal - sobre arte, liberdade e vida . As obras são voltadas para crianças a partir de 7 anos, com exceção de Fuga do Planeta Melancia, que pode ser facilmente compreendida por crianças a partir de 4 anos.
Sobre as obras
Foto: Paulo Marcos
Estação Vivaldi - As Quatro Estações são os quatro primeiros concertos de uma série de 12, publicados por Antonio Vivaldi em 1725 sob o título Il Cimento dell’Armonia e dell’Invenzione. Cimentare, em italiano, significa tentar, experimentar, pôr à prova, arriscar, desafiar. A publicação propõe então, em seu título, algo como “A Disputa entre a Harmonia e a Invenção”. Com este título, Vivaldi queria apresentar obras inovadoras e experimentais em diversos aspectos, contrapondo a sua criatividade (a “invenção”) com o tradicionalismo da escrita musical (a “harmonia”).
Em outras palavras, ele está se fazendo uma pergunta que é sempre relevante, seja no sentido estético, ético ou político: o que deve mudar e o que deve permanecer? Desse modo, o espetáculo Estação Vivaldi, criado sem falas, apresenta o dia-a-dia de uma antiga estação de trem, visto pelo olhar infantil. Estranhos personagens, indo e vindo ao som da música de Vivaldi, compõem um colorido painel da existência humana, com suas alegrias e tristezas, sonhos e frustrações, inícios e fins.
Foto: Jacob Bosch
O Lugar de Onde Se Vê - Primeira peça da Cia. Ouro Velho, O Lugar de Onde se Vê conta a história de Eva, uma menina que decidiu virar adulta antes do tempo e parou de brincar. Um dia, ela entra sem querer em um velho teatro abandonado, onde vai ter a oportunidade de resgatar sua infância. O nome da peça parte do sentido original da palavra teatro (Theatron) que no grego significa “o lugar de onde se vê”. E foi nesse lugar especial que a humanidade, nos últimos 2500 anos, se reuniu para ver o mundo. Essa forma de brincadeira, às vezes tão séria, tem proporcionado às pessoas muita diversão e também a possibilidade de transformação.
A reflexão da peça se volta para os dias de hoje, onde há bem menos tempo para as brincadeiras. Muitas crianças são estimuladas, cada vez mais cedo, a agir como adultos, assumindo compromissos e responsabilidades muito além da infância. Como consequência, o desenvolvimento de algumas importantes capacidades humanas tem ficado em segundo plano, como a imaginação, a expressão, a sensibilidade, a compreensão do outro e a interação com o coletivo. Resgatar a dimensão da infância é o objetivo maior desta peça.
Foto: Arlindo Galdão
Juntos Somos Nós - Nesse espetáculo, a Cia. Ouro Velho envia três cartas às crianças do nosso tempo. Em cada carta, uma história. Em cada história, uma jornada de aprendizado, de crescimento e de descobertas sobre si mesmo, sobre a vida e sobre o próprio ato de contar histórias.
A concepção do espetáculo é baseada na técnica clássica da contação de histórias e apresenta três narrativas que, vistas em conjunto, propõem uma reflexão ética para as novas gerações. Abordando temas relevantes como coragem, cooperação e maturidade, os contos são lançados ao mar como mensagens na garrafa para os que vierem depois de nós. O primeiro conto é O Príncipe Adil e os Leões, recolhido por Regina Machado. O segundo é O Filho Mudo do Fazendeiro, recontado por Ricardo Azevedo. E o terceiro é A Menina Invisível, conto de Paulo Marcos, escrito especialmente para a montagem.
Foto: Arlindo Galdão
Fuga do Planeta Melancia - A peça apresenta as peripécias de três jovens extraterrestres que aprendem, entre aventuras e trapalhadas, a importância de valores como solidariedade, respeito ao meio ambiente e equidade. A trilha sonora do espetáculo traz grandes obras da música clássica mundial para o universo lúdico infanto-juvenil, num divertido encontro entre a estética teatral e a ética da cooperação.
A peça começa com a seguinte narração: “No início, há muito tempo atrás, surgiu no espaço distante um pequeno planeta, novinho em folha. O novo planeta era lindo, redondinho, todo verde por fora; mas por dentro, ele era vermelho e docinho. Por essa razão, os antigos astrônomos deram ao suculento astro o belo nome de Planeta Melancia”. Cria-se assim, nas primeiras linhas do texto, uma metáfora do nosso próprio planeta Terra. Rico, generoso e suculento, essa metáfora também aborda a perigosa possibilidade distópica que vivemos, causada pelo individualismo desenfreado e pela destruição sistemática do meio ambiente e dos recursos naturais.
A boa notícia é que os habitantes do Planeta Melancia aprendem com seus erros. Refletem, amadurecem e transformam seu comportamento, salvando assim a si mesmos e à sua casa. Resta perguntar se os terráqueos serão capazes de seguir os passos dos vizinhos melancianos.
Foto: Bruno Cucio
O Novo Rei de Beleléu - A peça apresenta as aventuras do artista Gabriel, um herói-sanfoneiro que parte em busca dos sonhos perdidos do povo de Beleléu, empunhando a única arma de que dispõe: as canções que nascem da sua sanfona. O espetáculo é uma celebração da cultura popular, com música ao vivo e muita percussão. Baseada no universo dos folguedos populares - como a Folia de Reis, o Boi-Bumbá e o Maracatu – a fábula de Lara Hassum e Paulo Marcos faz uma defesa do lugar da arte e dos sonhos em um mundo cada vez mais gerido por valores duvidosos, como a ganância, a intolerância e a indiferença. Com música ao vivo e muita percussão, a companhia apresenta a história do Reino de Beleléu que, após o desaparecimento de seu Velho Rei, mergulhou em uma terrível epidemia da doença do Tanto-Faz.
Em Beleléu, agora, tudo tanto faz. É neste momento que o herói-sanfoneiro Gabriel entra em cena, sendo ele a única pessoa capaz de animar os doentes e salvar o Reino. Nas palavras do crítico Dib Carneiro Neto, O Novo Rei de Beleléu é “uma alegria só. Não perca por nada”.
FICHAS TÉCNICAS
Estação Vivaldi
Dramaturgia: Lara Hassum e Paulo Marcos
Direção Artística e Musical: Paulo Marcos
Elenco: Aline Penteado, Felipe Camelo, Lara Hassum, Paulo Marcos, Renan Novais, Tássia Melo
Trilha sonora: Antonio Vivaldi
Iluminação: Carlos Gaúcho e Rodrigo de Oliveira
Cenografia e Figurinos: Mônica Simões e Paulo Marcos
Produção Executiva: Lara Hassum
Direção de Produção: Paulo Marcos
Realização: Cia. Ouro Velho – Centro de Estudos e Criação Teatral
O Lugar de Onde Se Vê
Dramaturgia: Lara Hassum e Paulo Marcos
Direção Artística e Musical: Paulo Marcos
Elenco: Aline Penteado, Danilla Figueiredo, Lara Hassum e Tássia Melo
Preparação Corporal: Lu Carion
Técnica de Manipulação: Mônica Simões (Caixa de Imagens)
Desenho de Luz: Igor Sully
Montagem e operação de luz: Rodrigo de Oliveira
Arranjos Musicais: Rafa Miranda
Figurinos: Cy Teixeira
Cenografia: Paulo Marcos e Lara Hassum
Produção Executiva: Lara Hassum
Direção de Produção: Paulo Marcos
Realização: Cia. Ouro Velho – Centro de Estudos e Criação Teatral
Juntos Somos Nós
Criação Dramatúrgica e Cênica: Lara Hassum e Paulo Marcos
Baseado em contos trazidos por Regina Machado e Ricardo Azevedo
Elenco: Felipe Camelo, Lara Hassum, Tássia Melo
Apresentador: Paulo Marcos
Produção Executiva: Lara Hassum
Câmeras: Arlindo Galdão, Felipe Hassum, Guilherme Macedo, Jefferson Borges
Edição: Felipe Hassum e Guilherme Macedo
Gravação e edição de áudio: Kiko Carbone e Hélio Pisca
Montagem e operação de luz: Rodrigo de Oliveira
Direção de Produção: Paulo Marcos
Realização: Cia. Ouro Velho – Centro de Estudos e Criação Teatral
Gravado no espaço da Cia da Revista em 22 de julho de 2021.
Fuga do Planeta Melancia
Dramaturgia: Lara Hassum e Paulo Marcos
Direção Artística e Musical: Paulo Marcos
Elenco: Lara Hassum, Renan Novais e Tássia Melo
Voz em off: Paulo Marcos
Participação especial: Adriana Alencar
Cenografia e figurinos: Paulo Marcos e Lara Hassum
Produção Executiva: Lara Hassum
Câmeras: Arlindo Galdão, Felipe Hassum, Guilherme Macedo, Jefferson Borges
Edição: Felipe Hassum e Guilherme Macedo
Gravação e edição de áudio: Kiko Carbone e Hélio Pisca
Montagem e operação de luz: Rodrigo de Oliveira
Direção de Produção: Paulo Marcos
Realização: Cia. Ouro Velho – Centro de Estudos e Criação Teatral
Gravado no espaço da Cia da Revista em 21 de julho de 2021.
O Novo Rei de Beleléu
Dramaturgia: Lara Hassum e Paulo Marcos
Direção Artística e Musical: Paulo Marcos
Elenco: Aline Gonçalves, Aline Penteado, Danilla Figueiredo, Lara Hassum, Marcela Piccin, Tássia Melo
Preparação Corporal: Lu Carion
Cenografia, Figurinos, Adereços e Maquiagem: Mônica Simões
Iluminação: Carlos Gaúcho
Danças Brasileiras: Erika Coracini
Percussão: Rômulo Nardes
Peruca: Emi Sato
Produção Executiva: Lara Hassum
Câmeras: Arlindo Galdão, Jefferson Borges, Leticia Cruz
Edição: Felipe Hassum e Guilherme Macedo
Gravação e edição de áudio: Kiko Carbone e Hélio Pisca
Montagem e operação de luz: Rodrigo de Oliveira
Direção de Produção: Paulo Marcos
Realização: Cia. Ouro Velho – Centro de Estudos e Criação Teatral
Gravado no espaço da Cia da Revista em 22 de agosto de 2021.
PROGRAMAÇÃO:
Presencial:
Estação Vivaldi
Duração: 50 min | Recomendação: a partir de 6 anos
Dias 02, 03, 09 e 10 de Outubro | Sábados e Domingos, às 16h
Teatro Cacilda Becker - R. Tito, 295 - Lapa, São Paulo - SP
O Lugar de Onde se Vê
Duração: 60 min | Recomendação: a partir de 4 anos
Dias 16 e 17 de Outubro | Sábados e Domingos, às 16h
Teatro Cacilda Becker - R. Tito, 295 - Lapa, São Paulo - SP
Grátis | Retirar ingresso com 1h de antecedência
Online:
Juntos Somos Nós
Duração: 50 min | Recomendação: a partir de 8 anos
Dia 23 de outubro | Sábado, 19h
Acesso pelo canal Cultura Santos
Dia 24 de outubro | Domingo, 16h
Acesso pelo canal Cia. Ouro Velho
Fuga do Planeta Melancia
Duração: 35 min | Recomendação: a partir de 4 anos
Dia 30 de outubro | Sábado, 19h
Acesso pelo canal Cultura Santos
Dia 31 de outubro |Domingo, 16h
Acesso pelo canal Cia. Ouro Velho
O Novo Rei de Beleléu
Duração: 60 min | Recomendação: a partir de 4 anos
Dia 06 de novembro| Sábado, 19h
Acesso pelo canal Cultura Santos
Dia 07 de novembro|Domingo, 16h
Acesso pelo canal Cia. Ouro Velho
Estação Vivaldi
Duração: 50 min | Recomendação: a partir de 6 anos
Dias 13, 14, 20, 21, 27 e 28 de novembro | Sábados e Domingos, 16h
Em plataforma a definir
Grátis | Acesso direto
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