Trabalho autoral é o primeiro grande musical do Teatro B32
Foto: Cíntia Carvalho
Está em cartaz desde 1º de abril um novo espetáculo autoral no Brasil: “Nautopia”. Em grande estilo, coube à primeira produção associada da Pulsar Ideias, Eureka Entretenimento e H Produções Culturais dar início a primeira temporada teatral do espaço cultural mais moderno e tecnológico de São Paulo, o Teatro B32, inaugurado há poucos meses.
“Nautopia” é o sétimo musical escrito pelo autor, compositor, performer e produtor paulistano Daniel Salve, que traz no currículo produções que fazem com que seu nome se funda ao processo de revitalização do teatro musical brasileiro em meados da década de 2000.
Na obra, o multiartista, que pode ser conhecido ainda por outros marcos de carreira, como integrar o elenco de "Rent", em 1999, ou pela direção artística de espetáculos da Walt Disney Company no Brasil há 17 anos, assina o texto, o score original (com 24 composições inéditas) e a direção geral da montagem, que conta ainda com direção musical de Diego Salles e direção de movimento de Olívia Branco.
Foto: Cintia Carvalho
Apresentado por 26 atores acompanhados de 10 músicos, o musical é estrelado pelo veterano Beto Sargentelli, que já esteve à frente de outros espetáculos, como o nacional “Dois Filhos de Francisco”, além das montagens brasileiras de grandes produções como “Billy Elliot”, “A Família Addams”, “Mudança de Hábito”, “Os Últimos 5 Anos” – seu debut como produtor, sendo também por ele eleito Melhor Ator no Prêmio Bibi Ferreira -, e, em breve, em “West Side Story”, no papel protagonista.
A obra narra a trajetória de Tomás, um jovem navegante que parte de sua terra natal, o idílico Vale da Utopia, no litoral de Santa Catarina, para um exílio em Paraty (RJ) após o misterioso desaparecimento de sua irmã Clara. Na nova vida, o jovem se envolve com a mergulhadora Iara, disposta a abraçar seus sonhos utópicos de um novo futuro.
Foto: Cintia Carvalho
Os planos de Tomás mudam ao receber a notícia da doença fatídica que acometeu Rocha, seu padrinho e pai de criação, o que o leva de volta ao Vale da Utopia para lidar com seus demônios internos e encontrar antigos fantasmas, como a obstinada Selena, sua namorada da juventude, que ainda mexe com suas emoções.
O passado e o presente se misturam na obra, que estabelece conexões com o clássico “A Utopia” (1516), de Thomas More (1478-1535), para retratar o eterno retorno ao lar do jovem que busca a cura por meio do enfrentamento com seu passado e seus fantasmas internos e externos.
Projeto de longa data
Foto: Cintia Carvalho
O musical nasceu bem antes da sua “pré-estreia”, habitando o imaginário de Salve há cinco anos, porém, só em 2020, quando foi apresentado a um público restrito em uma oficina experimental, em São Paulo, é que as personagens e suas tramas, diretas e indiretas, começaram a ganhar vida e camadas mais profundas, dando sentido aos sentimentos e intenções que dialogam com a proposta reflexiva do projeto, lapidado desde então, até tomar a forma que o público poderá conferir no palco.
A ideia é contar uma narrativa genuinamente brasileira, fugindo, contudo, dos clichês mais comuns da nossa identidade cultural. “É comum vermos no Brasil espetáculos com tramas universais, mas que se passam em cenários externos, com referências geográficas distantes da nossa realidade. Com ‘Nautopia’, queremos falar desses anseios universais da humanidade, mas com cores e tons locais”, chama atenção o autor e idealizador.
Produtores Alexandre Bissoli, Daniel Salve e Beto Sargentelli | Foto: Caio Gallucci
A obra é considerada pelo próprio autor como seu texto mais maduro até então. “Hoje me sinto mais maduro para contar essa história. Penso que todos os outros projetos que já fiz serviram como um treinamento para trazer ao público essa narrativa tão complexa, que passou por um processo minucioso de cinco anos de pesquisa e desenvolvimento.
"Ao longo de oficinas, laboratórios e workshops, eu passei a investigar as relações humanas dessa comunidade fictícia estabelecida no litoral de Santa Catarina, encontrando pouco a pouco a trama que queria se apresentar”, explica Daniel, que reitera o desafio atual: “como falar sobre utopias em tempos de distopia?”.
Produtores Beto Sargentelli, Alexandre Bissoli e Daniel Salve e | Foto: Caio Gallucci
Além desta missão, o espetáculo tem outra grande responsabilidade: ser a primeira obra de temporada a se apresentar no Teatro B32, inaugurado em novembro de 2021 e que desde então vem recebendo eventos pontuais. “O B32 se tornou um grande parceiro na realização desse projeto totalmente independente, sem uso de leis de incentivo ou editais. Estamos seguindo um caminho desafiador, mas que permite acreditar que formas alternativas de produção são possíveis e podem abrir caminhos para que mais projetos autorais e independentes possam surgir no cenário cultural”, expressa Alexandre Bissoli, sócio do projeto e diretor de produção do espetáculo.
Ficha Técnica:
Texto, Música e Encenação: Daniel Salve
Direção Musical: Diego Salles
Direção de Movimento: Olívia Branco
Assistente de Direção: Roberto Borges
Figurinos: Theodoro Cochrane
Desenho de Luz: Guilherme Paterno
Desenho de Som: Audio S.A (Paulo Altafim, Bruno Pinho e Kika Fernandes)
Execução do Projeto de Cenografia: Universo Cenotécnica
Direção de Produção: Alexandre Bissoli
Ass. de Produção: Jessyca Rianho e Bianca Ricci
Assessoria de Imprensa: GPress Comunicação | Grazy Pisacane
Produtores Associados: Alexandre Bissoli (Eureka Entretenimento), Daniel Salve (Pulsar Ideias) e Beto Sargentelli (H Produções Culturais)
Realização: Pulsar Ideias e Eureka Entretenimento
NAUTOPIA
Temporada: Até 25 de Maio
Horário: Sextas às 20h | Sábados às 19h | Domingos às 18h
Local: Av. Brg. Faria Lima, 3732 - Itaim Bibi
Ingressos: De R$ 50,00 a R$ 220,00 | Compre aqui
Duração: aprox. 165 min. (possui intervalo)
Classificação: 12 anos
Comments