Após duas estreias adiadas, o musical entra em cartaz na Sala Paschoal Carlos Magno no Teatro Sérgio Cardoso
Foto: Caio Gallucci
Naked Boys Singing! é um espetáculo de teatro musical, ícone da cultura gay, que estreou no Hollywood´s Celebration Teatre, em Los Angeles nos Estados Unidos, em 1998, e que posteriormente foi montado em New York, onde se tornou o segundo musical mais longevo off-Broadway. Produzido em mais de 20 países, desde a sua estreia sempre esteve em cartaz em algum lugar do mundo. Em 2020 o espetáculo estava em cartaz em Londres, mas teve que ser interrompido devido a pandemia do novo Coronavírus.
No Brasil, a montagem nacional chega ao Teatro Sérgio Cardoso, equipamento vinculado à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte.
Naked Boys Singing! é um espetáculo de teatro musical, com músicas pujantes, tocadas ao vivo por um ator/pianista e defendido com energia e vitalidade por dez atores/cantores/bailarinos, além de uma equipe criativa com nove artistas. O espetáculo é dividido por 15 atos musicados, que abordam temas distintos relacionados ao corpo masculino, do cômico nonsense ao drama.
Segundo o diretor Rodrigo Alfer, a pele exposta em 2021 no musical terá um significado mais amplo e poético, principalmente pelo momento de pandemia em que fomos obrigados a nos cobrir, e temermos o corpo e contato com o outro. O musical além de libertador será uma celebração à vida.
O Musical
Naked Boys Singing! possui a estrutura de um gênero que surgiu na França no século XV, o Vaudeville, nele artistas se apresentavam através de números musicais, de dança, acrobacias, mágicas, atletas, grupos ciganos e números com animais. No seu início, os espetáculos eram apenas dirigidos para homens, pois seus números eram considerados grosseiros e chulos.
No século XIX nos EUA e Canadá ganhou contornos de comédia ligeira e foi a principal forma de entretenimento da classe média burguesa tornando-se uma diversão para toda a família.
Diferente de seu intuito inicial, que era somente entreter a burguesia, Naked Boys Singing! joga luz em temas como, circuncisão, masturbação, HIV, ereção involuntária, corpo padrão, gordofobia, pornografia e outras surpresas, além, é claro, de falar de amor.
O nu masculino na arte
Foto: Caio Gallucci
Na história da arte figurativa, o nu existe desde os primórdios, foi praticado em diversas culturas como egípcias e assírias. Ao buscar um recorte em nossa cultura ocidental para o corpo masculino, é possível encontrarmos a forma de como foi retratado. Na Grécia antiga, berço de nossa civilização, esteve presente tanto nas artes quanto na mitologia, onde encontramos seres com figurações masculinas e fálicas, como é o caso do deus Príapo.
Com o passar do tempo, o corpo nu masculino entrou para os estudos de anatomia, onde se fortaleceram nas instituições de arte e deixaram de ser algo provocativo, sendo retomado nos anos sessenta através de performances artísticas.
No Brasil, o espetáculo musical americano Hair, que em 1969 esteve em cartaz na cidade de São Paulo, com atores hoje consagrados, como Ney Latorraca, Antônio Fagundes e Sônia Braga, é considerado o primeiro espetáculo teatral com nu frontal coletivo, seguido por espetáculos do Teatro Oficina e por Raul Cortez que verdadeiramente fez o primeiro nu frontal masculino do teatro brasileiro, no celebrado espetáculo O Balcão, de Jean Genet.
Após esse período, o nu, principalmente o masculino, foi perdendo a sua força no que se diz respeito ao seu uso nas artes, e praticamente se tornou um tabu. Diferente do corpo feminino que sobreviveu, mas a serventia de um mundo patriarcal e machista.
Muito se fala da nudez gratuita ou de sua conotação mercadológica para se vender ingressos. Também se é dito que o nu ficou no passado e que ninguém mais se interessa. Com o advento da internet e da pornografia a mão de quem quiser, o nu foi atrelado a uma categoria menor, colocado num nível abaixo até mesmo por artistas.
Ficha Técnica
Idealização: Robert Schrock
Direção: Rodrigo Alfer
Assistente de Direção: Manu Littiéry
Direção Musical: Ettore Veríssimo
Direção Coreográfica: Alex Martins
Preparação de Elenco: Érika Altimayer
Cenário e Figurino: Daniele Desierrê
Desenho de Luz: Gabriela Araújo
Desenho de Som: André Omote
Copista: Rafael Gamboa
Produção e Cenotecnia: Alexandre de Marco
Comunicação Visual: Alexandre Furtado
Produção: Cícero de Andrade
Produção Bacana Produção Artísticas & Mosaico Produções
Elenco André Lau, Aquiles, João Hespanholeto, Luan Carvalho, Lucas Cordeiro, Raphael Mota, Ruan Rairo, Silvano Vieira, Victor Barreto, Tiago Prates e Gabriel Fabri - Pianista
Naked Boys Singing!
Temporada: de 16 de outubro a 19 de dezembro,
Horário: Sábados às 19h | Domingos às 20h
Local: R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia-entrada) | Compre aqui
Duração: 80 min Classificação: 16 anos
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