Fernanda Montenegro faz leitura do Hino dos Partisanos em podcast da Casa do Povo
- Tadeu Ramos
- 11 de mai. de 2021
- 5 min de leitura
Projeto reúne depoimentos de Airan Milititsky Aguiar, FUTURA/Clarice Lima, Eugênio Lima, Hugueta Sendacz entre outros.

Instalada na rua Três Rios no bairro do Bom Retiro, região central da cidade de São Paulo desde a década de 1950, o centro cultural Casa do Povo lança em seus canais digitais o podcast LEVANTE-SE, um projeto sonoro que marca as comemorações do 78º aniversário do Gueto de Varsóvia. Os episódios divididos em 8 capítulos acompanham o dia a dia dos acontecimentos históricos, trazendo depoimentos de pessoas que conectam levantes do passado e do presente.
Os episódios são compartilhados sempre às 18h, entre 19 de abril e 16 de maio de 2021, seguindo algumas datas marcantes do próprio Levante, que durou 28 dias. O Levante do Gueto de Varsóvia é considerado um dos eixos fundantes da Casa do Povo, erguida por parcela da comunidade judaica progressista do Bom Retiro em homenagem às vítimas da Shoah. A atriz Fernanda Montenegro participa do último episódio fazendo a leitura, em português, do Hino dos Partisanos (a música criada no próprio Gueto é um marco histórico e originalmente é cantada em ídiche).
Desde 1946, antes mesmo do edifício da Casa do Povo ficar pronto, todo 19 de abril vem sendo comemorado o aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia no sentido de “lembrar juntos”. O evento histórico aconteceu de 19 de abril a 16 de maio de 1943. Ao longo de 28 dias, judeus e judias confinados no último gueto de Varsóvia, na Polônia, resistiram e lutaram contra o exército nazista alemão antes de serem levados aos campos de concentração. Na época, o Levante coincidiu exatamente com o primeiro Seder de Pessach. Por isso, em uma versão secular da Páscoa Judaica, essa comemoração é também a celebração do gesto pujante que ali surgiu contra todo tipo de opressão, capaz de inspirar outros tempos e outras lutas.
Uma homenagem em tempos de distanciamento social
Na impossibilidade o encontro presencial para a tradicional cerimônia de acendimento de 6 velas – uma para cada 1 milhão de judeus assassinados na Shoah - que costuma acontecer todos os anos durante a comemoração do aniversário – a Casa do Povo instalou na sua fachada uma luz que permanece acesa 24h entre 19 de abril e 16 de maio de 2021. Em plena pandemia do COVID-19, em um país enlutado, eis a nossa forma de homenagear os mortos de ontem e também os de hoje.
O podcast LEVANTE-SE é uma realização da Casa do Povo e reúne depoimentos de Airan Milititsky Aguiar, FUTURA/Clarice Lima, Eugênio Lima, Fernanda Montenegro, Hugueta Sendacz, Celso Zilbovicius (em parceria com o IBI - Instituto Brasil Israel), Lia Vainer Schucman e Saul Kirschbaum. Conta com a narração de Rodrigo Bolzan e Juliana R. A edição, trilha e mixagem é de Juliana R. A identidade visual é uma criação de Daniel Frota de Abreu.
Como acessar o podcast
Para ouvir, basta procurar o perfil do podcast LEVANTE-SE no Spotify. Para quem não é assinante do serviço de streaming, os episódios estão disponíveis para ouvir online na plataforma Anchor.
Também é possível receber os episódios pelo WhatsApp da Casa do Povo. Para isso, é necessário mandar uma mensagem com o seu nome e depois salvar o número da Casa do Povo nos contatos do aparelho [Casa do Povo (11) 99816-4778].
Sobre os convidados
Airan Milititsky Aguiar é doutorando em filosofia pela PUC-RS e chefe da Unidade de Patrimônio Histórico, Arquivo e Museu de Canoas, município vizinho à capital Porto Alegre.
FUTURA/Clarice Lima
Futura movimenta a pesquisa, criação, produção e difusão da coreógrafa Clarice Lima, aproximando artistas e juntando pessoas, transitando entre as linguagens da dança, performance e artes visuais. Futura é tudo que é presente e ainda não vemos e reúne as artistas Clarice Lima, Aline Bonamin, Amanda Dias, Ísis Vergílio, Karen Marçal, Marcela Costa, Natália Mendonça, Patrícia Árabe e Nina.
Eugênio Lima é pesquisador da cultura Afro-diaspórica, Membro Fundador do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, da Frente 3 de Fevereiro e diretor do Coletivo Legítima Defesa. Também atuam como DJ, Ator-MC e diretor de teatro.
Fernanda Montenegro é atriz brasileira. Foi a primeira latino-americana e a única brasileira indicada ao Oscar de Melhor Atriz.
Hugueta Sendacz é membro da Casa do Povo desde a sua fundação, Hugueta Sendacz é memória viva da instituição. Atua como maestrina do Coral Tradição que canta exclusivamente em ídiche.
Celso Zilbovicius é professor universitário, diretor educacional do projeto Marcha da Vida do Fundo Comunitário Keren Hayessod São Paulo e colaborador do IBI- Instituto Brasil-Israel.
Lia Vainer Schucman é Doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo com estágio de Doutoramento no Centro de Novos Estudos Raciais pela Universidade da Califórnia. Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Autora dos livros “Entre o Encardido, o Branco e o Branquíssimo: Branquitude, Hierarquia e Poder na Cidade de São Paulo” ( Veneta 2020) e “Famílias Interraciais: tensões entre cor e amor” (EDUFBA, 2018).
Saul Kirschbaum é Doutor em Letras pela USP com Pós-doutorado pela Unicamp. É autor de livros e artigos sobre literatura e cultura judaicas.
Sobre a Casa do Povo
Centro cultural que revisita e reinventa as noções de cultura, comunidade e memória. Fundada a partir de uma associação cultural sem fins lucrativos logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1946, a Casa do Povo foi erguida pelo esforço coletivo de uma parcela da comunidade judaica então chamada de “progressista”, originária da Europa Oriental, politicamente engajada e instalada majoritariamente no bairro do Bom Retiro. O espaço nasceu de um desejo duplo: homenagear os que morreram nos campos de concentração nazistas e criar um espaço que reunisse as mais variadas associações que tinham nascido aqui, na luta internacional contra o fascismo – visando assim dar continuidade à cultura judaica laica e humanista que o nazi-fascismo tentou silenciar na Europa.
Habitada por uma dezena de grupos, movimentos e coletivos, alguns há décadas e outros mais recentes, a Casa do Povo atua no campo expandido da cultura. Sua programação transdisciplinar, processual e engajada entende a arte como ferramenta crítica dentro de um processo de transformação social. Sem grade fixa de programação e com horários flexíveis, a Casa do Povo se adapta às necessidades de cada projeto, de forma a atender tanto associações do bairro quanto propostas artísticas fora dos padrões. Seus eixos de trabalho (memória, práticas coletivas e engajadas, diálogo e envolvimento com o seu entorno) são pensados a partir do contexto contemporâneo em relação direta com suas premissas históricas, judaicas e humanistas. Nessa empreitada, o público não é alvo, mas participante ativo que, além de visitar, também propõe atividades fazendo do espaço um local de encontro, de formação e de experimentação: um monumento vivo, um lugar onde lembrar é agir.
Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro – São Paulo
(11) 3227-4015
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