Peça da Cia do Despejo investiga o teatro gestual e a dança para refletir sobre a marginalização social feminina
Foto: Antonio Simas Barbosa
Com o objetivo de refletir sobre o que é ser mulher nos dias de hoje, a Cia do Despejo fez uma ampla pesquisa em teatro gestual e dança para desenvolver o espetáculo “Fêmea”, que faz duas apresentações gratuitas no Sesc Interlagos.
A obra, dirigida por Carmem Soares, é construída a partir dos corpos femininos e suas interações com diversos objetos-símbolo associados à figura da mulher. Essa fisicalidade foi criada por meio do estudo da motricidade de animais usados para adjetivar negativamente as mulheres, como porca, galinha e vaca. As movimentações incorporadas afloram as distorções existentes entre a maneira como são comparadas, vistas, tratadas e seus corpos reais presentes.
Serviram como influências dramatúrgicas a escritora Carolina Maria de Jesus e sua obra "Quarto de Despejo"; o livro “Presos que menstruam: a brutal vida das mulheres - tratadas como homens - nas prisões brasileiras”, da jornalista Nana Queiroz, e os documentários “Estamira”, de Marcos Prado, e “Meninas”, de Sandra Werneck. Além de referências autobiográficas da equipe de criação.
Para dar o tom do espetáculo, a música é executada ao vivo e explora sonoridades afro-brasileiras em composições autorais. As potentes vozes femininas se juntam aos instrumentos melódicos e percussivos, como a alfaia, o djembe, o violão e o agogô. Há também a constante exploração de sons de elementos da natureza e dos arquétipos animais, como água, lama, madeira, grunhidos de porcos, sinos de vacas e sonoridades do mangue.
“Nossa pesquisa também contemplou os cantos ancestrais, como o vissungo, que se originou entre os negros escravizados na região de Minas Gerais. Ouvimos muito Clementina de Jesus, que tem um disco unindo diversos cantos vissungos. O grupo Clarianas, que explora os cantos caboclos, foi outra referência – a Naruna Costa até nos cedeu uma canção”, comenta Aline Machado, uma das atrizes-criadoras do trabalho.
Foto: Antonio Simas Barbosa
As cenas bastante imagéticas evidenciam as violências sofridas pelas mulheres, o que possibilita a criação de um espaço de acolhimento, potencializado por um bate-papo com o público logo após as apresentações.
O cenário e o figurino evidenciam ainda mais a temática. As atrizes vestem bermudas, sutiãs com fecho frontal e corpetes pós-cirúrgicos, em referência aos padrões de beleza impostos pela sociedade. Conforme a peça avança, seus corpos e vestimentas ganham tons de vermelho, simbolizando tanto a violência quanto a emancipação feminina.
Já o cenário se divide em três espaços: o ambiente doméstico, formado por mobílias como fogão, cadeiras e relógio; o “não-lugar”, que fica vazio e é onde as atrizes encontram seu local de fala; e a área dedicada às musicistas. No elenco estão Aline Machado, Carolina Gracindo e Ingrid Alecrim. As musicistas são Aryani Marciano, Beth Sousa e Helena Menezes e o dramaturgista é o Felipe Dias Batista.
Ficha Técnica:
Diretora: Carmen Soares
Dramaturgista: Felipe Dias Batista
Atrizes Criadoras: Aline Machado, Carolina Gracindo e Ingrid Alecrim
Musicistas Criadoras: Aryani Marciano, Beth Sousa e Helena Menezes
Sonoplasta (efeitos sonoros digitais): Nina Oliveira
Técnica e Operadora de Som: Wayra Arendartchuk
Criadora de Luz: Carolina Gracindo
Iluminador: André Mutton
Orientadoras de Corpo: Ana Paula Bouzas e Mariana Arantes
Orientadora Musical: Valquíria Rosa
Costureira: Duda Viana
Cenotécnica: Ingrid Oliveira
Cenógrafa: Carolina Gracindo
Figurinista e Concepção de Maquiagem: Ingrid Alecrim
Produtor de Palco: Felipe Dias Batista
Assessoria de Imprensa: Verônica Domingues e Bruno Motta - Agência Fática
FÊMEA
Temporada: De 12 e 19 de Março
Horário: às 16h
Local: Av. Manuel Alves Soares, 1100 - Parque Colonial
Ingressos: Gratuito
Classificação: 12 anos
Duração: 60 minutos
A capacidade do teatro será reduzida pela metade e será obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação
OFICINA
SERIGRAFIA EM BOLSAS DE ALGODÃO CRU COM FRASES DE EMPODERAMENTO FEMININO
Data: Dia 19 de Março
Horário: das 10h às 13h
Local: Av. Manuel Alves Soares, 1100 - Parque Colonial
Valor: Gratuito
Inscrição: direto no Sesc Interlagos (no próprio dia 19)
Vagas: 20
Classificação: 12 anos
A capacidade do teatro será reduzida pela metade e será obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação
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