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Espetáculo "A Monga e Eu" aponta as mudanças nos sonhos e desejos no decorrer da vida

Texto de Marcello Barranco mostra um ator que desiste do teatro e depois volta aos palcos levando sua nova profissão


Foto: Alex Del Claro


Verdadeira febre nos circos e parques de diversões em todo o território nacional nos anos 1960/70, e ainda presente em alguns recônditos do imenso Brasil, a Monga é o mote do espetáculo A Monga e Eu, de Marcello Barranco – também o protagonista – e Djalma Lima – que assina a direção, um mergulho no universo pessoal de um ator de meia idade que começa a peça admitindo que acordou para a vida e decidiu parar de fazer teatro depois de mais de 20 anos para se tornar massoterapeuta. “Só depois de me realizar trabalhando com massagens é que percebi como os dois lados da Monga me traduzem. Hoje sou mulher e gorila, criador e realizador, ator e massoterapeuta”, conta Marcello Barranco.


O texto começou a ser desenvolvido em um momento da vida em que o ator Marcello Barranco, como muitos, questionou suas escolhas, entre o que está vivendo hoje e os seus sonhos e aspirações do passado e que agora, mediante o tempo, a maturidade e as novas necessidades da vida, se transformaram.


Foto: Alex Del Claro


Tomado pelo vazio e as carcaças de seus desejos, e com o objetivo de reencontrar seu lugar no mundo, o personagem une depoimentos pessoais, música e poesia para trilhar um caminho de volta a um jovem e impertinente aspirante a ator que vibrava e brilhava nos seus vinte e poucos anos, mas que na maturidade abandonou a carreira e se encontrou na profissão de massoterapeuta – assim como o autor/ator Barranco. E o teatro? A necessidade de expressão, a vontade de pisar no palco não saem de cena e nessa retomada ele leva o universo da massagem ao palco, um reencontro das duas gerações do ator em um mergulho no universo do fazer teatral.


Com uma certa obsessão e pânico pela Monga, personagem mítica de sua infância, o protagonista traça paralelos, com a ajuda de sua terapeuta, entre essa estranha fascinação pela Monga e sua relação com o teatro como profissão e meio de vida. Esses questionamentos levam a inusitadas e divertidas conclusões, num texto autobiográfico, pontuado por poemas de sua juventude e citações de autores como Belchior, Caio Fernando Abreu, Jorge Mautner e Jose Régio.


“Depois de 20 anos estudando e batalhando na carreira de ator sou obrigado a encarar o mundo e buscar outras possibilidades. O encontro e a realização com a massoterapia abriram meus olhos para um outro universo, uma nova forma de lidar com a vida e a arte. Tento equalizar minha sensibilidade, usar a arte, o trabalho energético e sensível e também saber produzir, concretizar e até ganhar dinheiro”, explica Barranco.


Foto: Alex Del Claro


O diretor Djalma Lima pensou a encenação em três ambientes intercalados, que interferem uns nos outros, de acordo com as necessidades do texto: o “Ambiente Depoimento”, mais coloquial, em comunicação direta com o espectador, como uma conversa, guia o espetáculo no qual o ator mostra-se falível e humano, com textos bastante pessoais; “O Ambiente Massagem”, traz essa nova vocação para o palco, em um paralelo entre as partes do corpo com suas angústias e sensações, relacionando a sensibilidade artística ao toque; e o “Ambiente Poético Teatral”, uma desvinculação da atuação realista ou mesmo de depoimento para um trabalho mais teatral e estilizado, seja nos poemas, nas músicas ou expressões físicas. A encenação prima pela simplicidade, focando principalmente o trabalho da atuação e da dramaturgia, dialogando de forma contida e precisa com a cenografia, iluminação, projeção e sonoplastia.



A MONGA E EU

Temporada: De 08 a 30 de Outubro

Horário: Sábados, às 20h | Domingos, às 18h

Local: Rua Almirante Marques Leão, 378 - Bela Vista

Ingressos: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia) | Compre aqui

Duração: 60 min

Classificação: 12 anos

Capacidade: 40 lugares

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