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Dirigido por Gabriel Villela, "Proto-Henrique IV", de Pirandello, estreia em versão solo

Obra-prima sobre lucidez e loucura, tem produção, tradução e adaptação de Claudio Fontana

Foto: João Caldas Fº


A peça Henrique IV, de Luigi Pirandello, é um ensaio sobre lucidez e loucura, considerada uma obra-prima do dramaturgo italiano comparável a “Seis Personagens à Procura de um Autor”. Nela uma das características mais marcantes do escritor – a vulnerabilidade de seus personagens, que vivem na fronteira que separa ficção da realidade e loucura da sanidade, devido ao jogo de máscaras – está em um ponto de grande aprofundamento.


Na dramaturgia original, Pirandello criou treze personagens para serem executados por diversos atores. Esta adaptação sintetizou o texto em dois personagens feitos por um ator, Matilde e Henrique IV, preservando o cerne da dramaturgia.


Chico Carvalho transita entre as duas figuras, sendo que Matilde traz falas de outros personagens da peça original. Acompanhando Chico em cena, Breno Manfredini faz as vezes de um contrarregra/camareiro cênico, compondo o quadro de espelhamento disforme do protagonista, que toma distância da própria existência e vê a si mesmo ridicularizado pelo olhar de quem o vê.


Na trama, depois de descobrir que Matilde, a mulher que ele ama, tem um caso com seu melhor amigo Belcredi, o protagonista cai de um cavalo e sofre um acidente, supostamente provocado pelo próprio Belcredi. Como bate a cabeça numa pedra, ele perde os sentidos da realidade, enlouquece e, estando a caminho de uma festa à fantasia, por isso caracterizado como o rei Henrique IV, da Alemanha, o nobre passa a acreditar que é o próprio rei. Vendo-se incapaz de curá-lo e com pena de seu estado, a irmã constrói uma réplica da corte de Henrique IV para que seu irmão possa viver nela, contratando atores para se fazerem passar por cortesãos.


Foto: João Caldas Fº


Passado algum tempo, o nobre recupera a memória, mas continua a se fazer passar por louco ao perceber que não tem uma vida de verdade para a qual possa voltar. Sua farsa é descoberta no dia em que Matilde e Belcredi chegam à falsa corte para tentar curá-lo. Segue-se uma discussão violenta entre os três, durante a qual Henrique IV fere Belcredi mortalmente e se vê obrigado a refugiar-se de novo na loucura para escapar às consequências desse crime.


Como em quase toda a sua obra, Pirandello trabalha de forma brilhante a tensão entre realidade e fantasia, deixando implícita a impossibilidade do estabelecimento de uma verdade absoluta. No fundo, sustenta que as coisas não são o que parecem ser, também reafirmando sua convicção de que a arte é muito mais real do que a vida, posto que eternizada em uma forma enquanto o homem em si é perecível.


Gabriel Villela faz uma união estética e arrebatadora no palco, trazendo um baile de carnaval, uma corte, uma coxia e a fantasia interna da cabeça de Henrique IV em um mesmo contexto. Nesta montagem, cenário é figurino e figurino é cenário, como se as inversões de realidade também transbordassem para os elementos de ficção. Cores vibrantes, de aspecto nobre e litúrgico permeiam a cena e formam o quadro vibrante e transitório pelo qual Chico Carvalho executa suas cenas repletas de filosofia, fábula e puro teatro.


O espetáculo será gravado no palco da sala Dina Sfat do Teatro Ruth Escobar e transmitido ao vivo nas primeiras seis apresentações, para depois ser filmado e editado para as transmissões seguintes. O teatro quase teve suas portas fechadas para sempre, por conta da pandemia. Fazer esta retomada neste palco, portanto é muito significativo. A história do diretor com o teatro Ruth Escobar começou em 1990, quando dirigiu a montagem de Relações Perigosas, de Heiner Müller, na inauguração da sala Dina Staf, com Ruth Escobar e Luiz Guilherme no elenco. Foi a última atuação cênica de Ruth Escobar.


Ficha Técnica

Elenco: Chico Carvalho

Texto: Luigi Pirandello

Tradução e adaptação: Claudio Fontana

Direção, Figurinos e Cenografia: Gabriel Villela

Diretor Assistente e Iluminação: Ivan Andrade

Contrarregra/camareiro cênico: Breno Manfredini

Canto e arranjos vocais e instrumentais: Marco França

Assistente de Figurinos: José Rosa

Adereços de arte: Jair Soares Jr

Costureira: Zilda Peres

Maquiagem: Claudinei Hidalgo

Fotografia: João Caldas Fº

Assistência de Fotografia: Andréia Machado

Programação Gráfica: Renata Monteiro

Diretor de Palco: Alexander Peixoto

Produção Executiva: Augusto Vieira

Direção de Produção: Claudio Fontana


PROTO-HENRIQUE IV


Temporada: De 05 de Novembro a 05 de Dezembro

Horário: De Sextas a Domingos às 20h

Local: Plataforma Zoom

Ingressos: Gratuitos | Reserve aqui

Duração: 60 min

Gênero: Drama

Classificação: 12 anos


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