Espetáculo cria uma reflexão sobre a democracia e sobre quem pode exercer a cidadania em nossa sociedade
Foto: Mayra Azzi
Depois de ganhar uma versão em forma de peça-filme, "Onde Vivem os Bárbaros", a quarta montagem do Coletivo Labirinto, finalmente tem sua estreia presencial no Sesc Pompeia.
O espetáculo, assim como os outros trabalhos do grupo, pesquisa o olhar para as relações do sujeito com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea. O texto é assinado por Pablo Manzi e a direção, por Wallyson Mota, que também está no elenco ao lado de Abel Xavier, Carol Vidotti, Ernani Sanchez e Ton Ribeiro.
Embora o grupo tenha adaptado o texto teatral para a linguagem audiovisual, segundo o diretor, apenas no palco é possível desfrutar das estruturas originais pensadas para a construção da obra. Afinal, como ele próprio explica: “Se o cinema é o território da imagem, o teatro é o da ação. Essa distinção é fundamental para o que estamos realizando. Estamos agora no processo de transformar todas as imagens construídas em ação cênica”.
Foto: Mayra Azzi
“O espetáculo promove através de uma situação ficcional uma espécie de ágora contemporânea sobre vários pontos de nossa vivência política, social, histórica e até mesmo filosófica. Essa ideia de que uma certa assembleia pode surgir ao redor da narrativa só é possível em sua plenitude no teatro. Isso porque o teatro é um espaço de comunhão, um lugar onde uma coletividade se agrupa ao redor de algo ou de uma ideia, onde podemos compartilhar sensações, pensamentos e emoções através da simples presença dos corpos”, acrescenta Mota.
A trama conta a história de três primos que se reencontram depois de vários anos sem se ver. O anfitrião, diretor de uma ONG reconhecida, revela estar envolvido em um estranho assassinato, fato que desencadeia manifestações de violência entre os convidados. Esse encontro aparentemente familiar torna-se cada vez mais terrível com o aparecimento de personagens que vão agravar as ideias que cada um construiu sobre o outro, sobre o inimigo.
Foto: Mayra Azzi
Escrita no Chile, a peça apresenta uma ampla base de reflexão para traços determinantes de nosso percurso social, tais como a normalização e a validação da violência dentro de contextos supostamente democráticos.
O texto traz ainda uma oportuna reflexão sobre o arquétipo do bárbaro. “Bárbaro é aquele que não é cidadão. Por esse viés, é o que está à margem, fora das premissas civilizatórias, o que é visto como bruto, sujo, selvagem. É o que não habita a polis, o que não tem direito de exercer ação sobre o Estado instituído. Mas o que seria uma sociedade civilizada e o que seria uma sociedade bárbara? Acredito que o ponto que mais nos interessa em tudo isso é: quem pode ocupar os espaços de uma pressuposta cidadania hoje? Quem sempre ocupou esses lugares e quem segue sendo apartado/a deles?”, questiona o encenador.
Mota ainda conta que a proposta do grupo não é propor uma reflexão sobre a democracia no sentido de desmoralizá-la. “Queremos falar sobre o entendimento total de sua importância e da constatação de que ela só existe de fato quando as mais diversas pessoas (seja pelo recorte de classe, raça ou gênero) podem usufruir de suas benesses e interferir no seu funcionamento.
Foto: Mayra Azzi
A democracia de fato só existe quando ela é praticada por todos os setores da sociedade. Por isso, ela é um exercício coletivo e público, que deve ser praticado e desenvolvido a todo instante, para que não deixe de existir”, finaliza.
Ficha Técnica:
Direção: Wallyson Mota
Dramaturgia: Pablo Manzi
Tradução: Wallyson Mota
Elenco: Abel Xavier, Carol Vidotti, Ernani Sanchez, Ton Ribeiro e Wallyson Mota
Assistente de direção: Carolina Fabri
Cenário e figurino: Lu Bueno
Iluminação: Matheus Brant
Visagismo: Fábia Mirassos
Concepção Sonora: Gregory Slivar
Cenotécnico: Armando Junior
Aderecista: Jésus Seda
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: Corpo Rastreado – Leo Devitto
Direção de Produção: Carol Vidotti
Realização: Coletivo Labirinto
ONDE VIVEM OS BÁRBAROS
Temporada: De 21 de Setembro a 14 de Outubro*
Horário: Terça a Sexta-feira, às 20h30**
Local: Rua Clélia, 93 - Água Branca
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) | R$ 15,00 (meia) | R$ 9,00 (Credencial plena) | Compre aqui
Classificação: 14 anos
Duração: 75 minutos
Capacidade: 40 lugares
*Sessão acessível no dia 13 de Outubro
**Dia 12 de Outubro (Feriado, sessão às 17h30
Protocolos de segurança
O uso de máscara, cobrindo boca e nariz, é recomendado. Se você apresentar sintomas da Covid-19, procure o serviço de saúde e permaneça em isolamento social.
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